Conciliar a vida de atleta com os estudos não é uma tarefa fácil. A rotina de aulas, provas, treinos, competições e trabalho pode levar a pessoa a desistir da carreira acadêmica ou de ser esportista. Aos que optam por deixar de estudar, as consequências podem ser muito negativas, pois a trajetória como atleta é curta, e, sem qualificação, muitos acabam tendo que apelar para empregos informais para continuar seguindo a vida. Em 2020, o Centro Universitário Iesb quer trabalhar para mudar esse cenário no Distrito Federal e Entorno.
O Iesb pretende ampliar o programa de Bolsa Atleta, que já atende grandes nomes do esporte no DF. Nos próximos dias, será lançado o edital para o primeiro semestre de 2020, com descontos de 30% a 100%, a depender do desempenho do aluno. A iniciativa atenderá atletas de modalidades olímpicas e paralímpicas.
Atleta Graduado
Mas só ofertar as bolsas não muda a realidade de quem precisa conciliar estudos com treinos, visto que a instituição entende que muitos atletas até têm condições de pagar determinado curso. Pensando nisso, o Iesb irá lançar no final de janeiro de 2020 o projeto Atleta Graduado.
O Atleta Graduado consiste no desenvolvimento de uma plataforma híbrida, EAD, flexível e que adapta o calendário acadêmico do aluno ao calendário esportivo. Esse modelo será testado inicialmente ofertando a graduação em Educação Física para jogadores de futebol e, com a comprovação da eficácia, pode se estender a outras disciplinas e modalidades.

O coordenador do curso de Educação Física da instituição e idealizador do Atleta Graduado, Sérgio Maraca, acredita que o projeto logo ganhará apelo nacional, pois a plataforma possibilita que o atleta tenha 100% de dedicação nos estudos e nas competições. “Infelizmente o calendário esportivo não conversa com o acadêmico. Com o projeto, o aluno pode fazer as disciplinas divididas, e não várias de uma vez; ele pode agendar suas provas para uma data que não o atrapalhe nas competições, ou seja, tem uma série de flexibilidades de facilita a relação com o estudo”, comentou Sérgio.
Menos de R$ 1 mil
A ideia de, inicialmente, aplicar o projeto a jogadores de futebol, surgiu após pesquisas constatarem uma grande preocupação social com a vida pós-atleta. Segundo um levantamento feito pelo Iesb com dados da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mais de 80% dos jogadores profissionais no Brasil (entre séries A, B, C, D e clubes sem divisão nacional) ganham menos de R$ 1 mil por mês; e dos 720 atletas da Série A do Brasileirão, apenas três possuem ensino superior. Isso quer dizer que a maioria os atletas não consegue acumular um capital que permita ter uma vida confortável após encerrar a carreira, e, sem uma formação, muitos acabam sem emprego, o que acaba afetando suas condições psicológicas e sociais.
Mais de 80% dos atletas do país ganham menos de R$ 1 mil.
Para Sérgio, ao oferecer a graduação em Educação Física aos atletas de futebol, eles ganham a oportunidade de trabalhar no meio que já estavam inseridos desde a época da carreira profissional, podendo assim contribuir com o desenvolvimento e evolução do esporte. “Hoje não se pode exercer a função de educador físico sem uma formação. Após graduado, o jogador pode montar uma escolinha, virar preparador físico, técnico de futebol… todas as opções darão retorno ao esporte”, completa Sérgio.
As duas iniciativas terão parceria com o Governo do Distrito Federal (GDF). Sérgio também ressalta que o principal escopo do Bolsa Atleta e do Atleta Graduado não é montar times fortes para que o Iesb ganhe competições, mas fazer com que os atletas não desistam dos estudos e nem do esporte.