CPI da Máfia das apostas tem definições importantes e cronograma definido

Myke Sena/Câmara dos Deputados

Na última sexta-feira (26), a Câmara dos deputados instalou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da manipulação de resultados de jogos de futebol, que ficou conhecida como a CPI da Máfia das Apostas. A instalação foi iniciada através da leitura do requerimento do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

O requerimento de criação da CPI é do deputado Felipe Carreras (PSB-PE), que já presidiu a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. O documento já conta com a assinatura de mais de 200 parlamentares, e tem como objetivo “a investigação dos esquemas de manipulação de resultado nas partidas de futebol profissional no Brasil”. O texto relembra as últimas notícias que saíram sobre o assunto, que mostram que pelo menos 130 partidas podem ter tido algum tipo de manipulação, seja no resultado ou até mesmo em alguma questão de jogo, como cartões, pênaltis e escanteios.

A comissão tem 34 integrantes, e já contou com a convocação de diversas autoridades públicas, jogadores e dirigentes. O colegiado tem previsão de duração de 120 dias, com a possibilidade de ser prorrogado por até 60 dias, caso os membros achem necessário. O presidente eleito é o deputado Júlio Arcoverde (PP-PI), o primeiro vice-presidente é o deputado André Figueiredo (PDT-CE), e o segundo vice-presidente é o deputado Daniel Agrobom (PL-GO).

Penalidade Máxima

A CPI foi criada como um desdobramento da operação Penalidade Máxima, criada pelo Ministério Público de Goiás para investigar as manipulações ocorridas no futebol. O orgão investiga como matriz pois tudo começou no estado, através da denúncia do atleta Romário, que pertencia ao Vila Nova-GO, sobre o esquema.

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Desde então, mais de 60 jogadores já foram citados na operação como suspeitos de integrar o grupo que estaria cooptando atletas para realizarem o que era apostado pela quadrilha, seja em escanteios, pênaltis ou cartões. Com o assédio aos jogadores, a quadrilha buscava garantir que o que era apostado por eles acontecesse no campo, ganhando muito dinheiro com isso e repassando uma parte aos atletas.

A força-tarefa da operação foi lançada no início de abril, e já está em sua terceira fase. Além dos jogadores, já foram denunciadas 16 pessoas que estão diretamente ou indiretamente ligadas às manipulações dos jogos. Nesta terça (30), além dos membros do Ministério Público, também foi ouvido o policial e presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que foi o primeiro a denunciar as manipulações ocorridas, dentro do seu próprio time, dando o pontapé inicial para a operação. A CPI também aprovou o acesso de todos os deputados da comissão aos arquivos e investigações que estão em curso, podendo até mesmo inquerir que outros nomes sejam chamados e ouvidos.

O deputado Felipe Carreiras falou sobre o trabalho da comissão, que não vai se limitar apenas às investigações do Ministério Público.

Não vamos nos limitar nas investigações somente ao que já foi apurado pelo MP e pelas investigações policiais que estão em curso, podemos chamar outros atletas que também sejam suspeitos por algum lance ou atitude em relação a uma partida, além de pessoas que não foram mencionadas, mas que podem ter algum tipo de ligação, sejam dirigentes ou até mesmo profissionais do esporte em diversas áreas, o importante aqui é dar credibilidade ao torcedor para que possa continuar assistindo aos jogos do seu time e confiando no que está acontecendo em campo.
Deputado Felipe Carreiras (PSB/PE)

Arbitragem

Durante a audiência, Cyro Terra, o procurador-geral do MPGO, afirmou à comissão que no momento estão descartadas as chances de árbitros do país terem participado do esquema. Segundo ele, não houve nenhum indício de conluio com a prática criminosa, nem que algum árbitro tenha atuado visando a manipulação dos jogos. Apesar disso, o deputado Ricardo Silva (PSD-SP) apresentou um requerimento para que diversos árbitros fossem convocados para depor sobre os jogos, principalmente os que estiveram nas partidas acusadas que estão sendo investigadas.

Plano de trabalho e investigação do futebol feminino

Durante os trabalhos de ontem, a CPI também projetou o cronograma de trabalho, e definiu que a comissão também pode apresentar e aprovar uma proposta legislativa, que regulamente as apostas feitas na internet. Na proposta do plano de trabalho, foi definido que o parecer tem data provável de ser apresentado em 18 de setembro. Os trabalhos param em julho, para as férias parlamentares, e serão retomados já no início de agosto.

Outra questão definida foi a investigação também do futebol profissional feminino, pois segundo discorreu o relator através do seu relatório, as manipulações de apostas não estão restritas apenas ao futebol masculino. Confira abaixo o prazo dos trabalhos:

  • 23/05 – Apresentação e votação do Plano de Trabalho da CPI
  • 30/05 a 13/07 – Realização das reuniões, audiências públicas, missões oficiais e outras diligências da CPI
  • 01/08 a 14/09 – Continuação dos trabalhos
  • Até 18/09 – Apresentação da proposta de relatório da CPI
  • 19 a 21/09 – Discussão da proposta de relatório da CPI
  • 26 a 28/09 – Votação da proposta de relatório da CPI e encaminhamento à Presidência da Câmara dos Deputados.

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