Medalhista no Pan e Sul-Americano, atleta de Saltos Ornamentais do Gama mira as Olimpíadas

Foto: Arquivo Pessoal

Natural de Brasília e moradora da cidade satélite do Gama, Heloá Almeida Camelo tem 17 anos e hoje se destaca em competições de Saltos Ornamentais. A atleta formada no Centro Olímpico do Gama treina desde os seis anos de idade, e vem conquistando medalhas em campeonatos nacionais e internacionais. Com muita humildade e perseverança, Heloá hoje sonha em fazer parte do grupo que representará o Brasil nos jogos olímpicos de 2024, a ser disputado em Paris (França).

Em conversa com o DF Esportes, Heloá explicou como começou a treinar a modalidade e o que a levou a escolher essa carreira de atleta de Saltos Ornamentais: “Na verdade eu sinto que foi os Saltos Ornamentais que me escolheu. Eu fazia psicomotricidade no Centro Olímpico do Gama, e quando estava na fila para fazer a rematrícula e o técnico Gabriel Serra me viu bem dispersa, fazendo estrelinha, abertura, brincando bastante, e ele viu que eu tinha perfil para saltos ornamentais. Ele pediu para conversar com o meu pai, meu pai até achou que eu estava atrapalhando alguma coisa, que eu estava aprontando. Mas na verdade, era para me chamar para o projeto Futuro Campeão. Eu tinha seis anos e no outro dia eu fui lá, fiz o teste e passei a fazer parte da equipe de Saltos Ornamentais” explicou.

Sem saber nadar, a atleta relatou que passou alguns “perrengues” na modalidade. A primeira foi convencer os pais a aceitarem a decisão de saltar nas plataformas que chegam a medir 10 metros de altura. “Foram algumas fases. Meu pai à princípio foi bastante resistente, minha mãe mais ainda. Eles perguntaram à respeito dos riscos, eu não sabia nadar na época e eles ficaram com medo. Mas meu treinador explicou como eram os treinamentos, sobre os riscos e ele os convenceu que era uma coisa séria, que poderia me dar um futuro. Meu pai confiou bastante, minha mãe não, ela tem muito medo de água, eu mesmo durante os treinamentos acabei bebendo um pouco de água da piscina (risos), mas aprendi a nadar sozinha. Comecei a saltar de colete, mas um dia eu esqueci de colocar o equipamento e saltei. A piscina tem 5 metros de profundidade, e quando o meu técnico me viu, à princípio ele ficou atento, mas quando consegui nadar, ele calmamente me mandou ir para a borda”.

Desde então Heloá vem treinando a modalidade no Centro Olímpico da UnB. Em onze anos de prática, é natural que o atleta passe a conviver com dúvidas, frustrações e lesões. Mas apesar das dificuldades, ela seguiu em frente: “Sim, muitas vezes eu quis desistir, ainda mais na fase de criança onde abri mão de algumas coisas, tipo de comer algo fora da dieta. Mais adolescente, tinha que conciliar o esporte com a rotina de estudos, querer sair com os amigos. Sentia muitas dores musculares por conta dos treinamentos, porque não era acostumada e isso tudo me fez pensar em sair. Tive várias lesões, esse ano inclusive precisei passar por cirurgia no tornozelo para tirar um cisto, mas graças Deus deu tudo certo. Comecei a me perguntar, será que é isso mesmo que eu quero para a minha vida? Muitas pessoas que começaram comigo na minha idade desistiram para estudar ou curtir a vida de adolescente. Mas eu preferi continuar, hoje eu vejo que a melhor coisa na minha vida é ser atleta de saltos ornamentais, sonho em ser atleta olímpica e com fé em Deus eu vou conseguir”

A atleta afirmou que os Centros Olímpicos têm uma boa estrutura para qualquer pessoa obter condições para se tornar um atleta de alto rendimento. Mas também teceu algumas críticas pontuais ao conhecer estruturas em outros estados e países quando esteve competindo: “As estruturas dos Centros Olímpicos daqui de Brasília são muito boas, eu comecei no COP do Gama, é uma estrutura excelente, mas agora eu treino no centro olímpico da UnB porque tem uma estrutura um pouco melhor. Mas viajei bastante e vejo que ainda pode melhorar. Viajei para o Canadá e vi que as estruturas de treinamento lá fora são melhores que do Brasil. A gente convive com alguns problemas sim, a piscina do Centro Olímpico do Gama sempre está em manutenção, com o nível da água abaixo da borda. Isso atrapalha bastante o atleta, mas a gente sempre está buscando incentivos do Governo, Ministério do Esporte para que ele cresça mesmo”.

Em onze anos de carreira, Heloá Camelo conquistou diversas medalhas em campeonatos locais, nacionais e internacionais. Logo após um ano de treinamento, participou do primeiro Campeonato Brasileiro disputado no DEFER (próximo ao estádio Mané Garrincha) e a primeira medalha veio no Circuito Brasília realizado no Colégio Mackenzie, ao lado de crianças da mesma idade, e ela ficou em primeiro lugar, garantindo o Ouro. Em 2018, viria a primeira medalha de bronze conquistada em uma competição internacional, durante o International CAMO Invitation no Canadá com a Prova de Sincronizado Feminino. Daí em diante foram cinco troféus Eficiência no Campeonato Brasileiro, medalha de prata no Campeonato Sul-Americano no trampolim de 1 metro (Chile, 2019), prata no CAMO (trampolim de 1 metro em 2019), prata no (Sincronizado de trampolim de 3 metros no (Peru), quarto lugar no Mundial (Canadá 2022) e prata na trampolim de 3 metros no Pan-Americano (Peru 2023). E agora recentemente no Campeonato Sul-Americano disputado na Argentina, Heloá conquistou cinco medalhas: ouro na Plataforma feminina, ouro no Sincronizado de Plataforma, prata no Sincronizado misto de Plataforma, bronze no Sincronizado de 3 metros feminino, prata no Sincronizado Misto de 3 metros e quarto lugar nos trampolins de 1 e 3 metros.

Agora com 17 anos, Heloá Camelo sonha com a possibilidade de participar dos Jogos Olímpicos de Paris em 2024, para alcançar sucesso como seus ídolos no esporte Hugo Parisi, Isaac Silva e a britânica Andrea Spendolini-Sirieix. Para isso, conta com bons resultados em competições internacionais que permitam uma vaga na maior competição internacional: “Não existe ranking nacional para ir para os jogos olímpicos. existem competições internacionais, como Copa do Mundo e Mundial Adulto onde se você ficar entre os doze melhores garante vaga para o seu país nos jogos olímpicos ” disse.

Por fim, a atleta deu o recado para os atletas em início de carreira que sonham com o sucesso: “Acreditar que é possível sim se transformar em um atleta de alto rendimento, é possível você atingir os seus objetivos no esporte. O caminho é muito árduo, é muito difícil, um dia você está em cima, outro você está embaixo, um dia você está cansada, um dia você está feliz, um dia você está vibrando, um dia você está lesionada…é muito normal isso no esporte, mas tem que perseverar, tem que ter objetivos, buscar por eles todos os dias. Isso vai ajudar muito você a continuar no esporte, continuar na carreira. Tudo o que o esporte me proporcionou valeu muito a pena, tive muitas viagens internacionais, conheci pessoas muito maravilhosas na minha vida, tive a oportunidade de aprender inglês e me comunicar com pessoas de outros países. E tudo isso é muito satisfatório, é muito legal, e sempre é muito bom a sensação de estar no lugar mais alto do pódio ouvindo o hino do Brasil, com a mão direita no peito, vibrando com o país inteiro”.

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