Cabelo Monteiro: “Desistir nunca passou pela minha cabeça”

Foto: Jeyson Gonzaga

A conquista do sonhado título dos leves no WGP foi um marco na carreira do lutador brasiliense Cabelo Monteiro. A partir deste momnto, surgiram convites para apresentações, como o K1 Kickboxing no Japão, e a luta diante do paraguaio Teodoro Ruiz em Brasília. Em ambas as oportunidades, o cinturão não esteve em disputa. Mas as duas derrotas consecutivas ligaram o sinal de alerta no lutador. Em entrevista exclusiva ao DF Esportes, Cabelo Monteiro fala sobre a nova fase da carreira no maior evento de kickboxing do mundo, o K-1, afirma não concordar com a derrota diante do paraguaio Teodoro Ruiz, conta sobre a adaptação ao nível de luta da elite mundial do esporte e o objetivo de evoluir constantemente como atleta profissional.

DF ESPORTES: Você conquistou o cinturão do WGP, se tornando o campeão dos leves do maior evento de kickboxing da América Latina. Chegou ao K-1, evento mais tradicional de trocação do planeta, mas sofreu duas derrotas seguidas. Qual o sentimento em relação a isso e quais os seus próximos planos no WGP e no K-1?

CABELO: Inicialmente, foi um pouco confuso e aí eu fiquei muito reflexivo. Mas eu acredito que é isso. Eu estou em um patamar, hoje, nesse evento que estou lutando, eu estou no topo. Nesse novo evento, no maior do planeta, eu estou chegando agora, né? Tenho muita coisa para aprender, muita coisa para observar. E eu acho que tem esse momento. É ruim ter mais duas derrotas no cartel, fica mais pesado, claro, mas são processos, né? São processos que a gente tem que passar para poder se adaptar e chegar num nível maior, num nível desejado. Isso não vai me parar ou me fazer fraquejar, nem nada. Claro, eu reflito sobre tudo o que acontece diariamente. Com as vitórias eu já reflito, com as derrotas não seria diferente. Nunca passou pela minha cabeça desistir por conta de derrotas ou coisa parecida. A gente tem que continuar. Sempre foi assim. Possivelmente eu terei que abdicar de mais coisas na minha vida e seguir. Não tem essa.

DF ESPORTES: Como foi a emoção de conquistar o WGP? Fala um pouco dessa trajetória.

CABELO: A emoção de conquistar o cinturão do WGP foi imensa, né? A gente já está no evento há seis, sete anos e a gente sempre procurou isso. Sempre tivemos o cinturão como objetivo. Igualmente no K-1, a gente chegou agora, infelizmente com duas derrotas, mas a gente sempre tá mirando o topo, né? Foi uma trajetória bem árdua e a gente não caiu de paraquedas. Eu acredito que conquistar é o mais simples, o mais fácil. É só dar tempo ao tempo e continuar o trampo. Agora a gente acaba virando o alvo. Todo mundo quer a nossa cabeça.

DF ESPORTES: As falhas de conexão nos voos rumo ao Japão, que o levaram à primeira luta no K-1, foram determinantes para a derrota diante do japonês? Qual sua análise sobre essa luta no Japão?

CABELO: A gente foi muito imaturo nessa luta. A gente tinha visto o convite como uma oportunidade e decidimos ir, mas teve atraso no voo, a gente não sabia muito bem o que comer para repor. Então, foi meio complicado. Eu repus 400g de um dia pro outro. Coisa que não acontece geralmente. No K-1, no Brasil, eu consegui repor 7kg. Mas no Japão só 400g. Então, esse lance do descanso e da reposição de peso conta mais do que qualquer outra coisa, mas não quero usar isso como desculpa, entende?

DF ESPORTES: E agora em Brasília, uma derrota em decisão dividida diante do paraguaio. Você acha que ganhou a luta?

CABELO: Eu vi a luta. Os comentaristas do canal Combate disseram mesmo que eu tinha ganhado. Eu também achei que eu ganhei, depois que assisti a luta, mas não da forma como eu gostaria. Eu não fico triste pela derrota, mas por um fator. Eu tenho treinado bastante, diariamente, sempre, estou mais forte, mais consciente, mas tem algo que eu estou tentando colocar no meu jogo e que eu não estou conseguindo acertar. É isso que me deixa mais frustrado. Eu estou lapidando o meu jogo, só que eu não consigo colocar ele em prática. Sobre derrotas e vitórias, eu poderia ter ganhado por decisão dividida também, mas eu não ficaria satisfeito porque não foi da maneira que eu esperava, que eu treinei. Por mais que eu tenha visto que eu não perdi, os caras do Combate falaram que eu não perdi. Enfim, é isso.

DF ESPORTES: Você já voltou a treinar? Como vai ser daqui pra frente?

CABELO: Não voltei a treinar. Vou tirar um tempo de férias. Estou a três campeonatos seguidos fechado, um atrás do outro treinando direto sem parar. Eu tenho feito alguns treinos, mas não na forma normal de um atleta, mas também não deixei de treinar. É bom passar por esse momento de treinos sem tanta responsabilidade. Vou lá e treino por hobbie, pra manter, sem aquela pressão.

Perfil Cabelo Monteiro

Apelido: Cabelo Monteiro
Título: Campeão dos leves do WGP (detentor do cinturão)
Nome: Guilherme Monteiro
Idade: 24 anos
Data de nascimento: 16/08/1999
Cartel profissional: 15 lutas, 11 vitórias (3 nocautes) e 4 derrotas
Cartel no WGP: 11 lutas, 9 vitórias (2 nocautes), 2 derrotas (por pontos)
Cartel no K-1: 2 lutas, 2 derrotas
Peso: 60kg
Altura: 1,74m
Time de futebol: Gama (SEG)

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