Após sucumbir à jovem equipe do Legião de Marquinhos Carioca na 5ª e derradeira rodada da Divisão de Acesso do Campeonato Brasiliense de Futebol, o Cruzeiro Futebol Clube despediu-se oficialmente da competição. Sua melancólica campanha decepcionou seus apaixonados torcedores, assim como a opinião de jornalistas e especialistas do futebol candango que apostavam em uma boa campanha do Carcará nesta Segundinha. Ocorre que no início de 2018 a equipe voltava ao Distrito Federal de uma eliminação precoce da Copa São Paulo de Futebol Júnior, com a missão de fazer bonito no Campeonato Brasiliense da categoria neste ano e retornar à edição de 2019 da Copinha. A expectativa pairava também sobre a possibilidade do clube poder retornar à Primeira Divisão do Candangão. Sua última participação havia sido em 2016, onde a equipe perdurou por duas temporadas.

A missão de guiar o voo do Carcará no Candanguinho e na Segundinha caiu nas mãos do experiente treinador José Lopes de Oliveira, o “Rizada”. A escolha não foi por acaso: Rizada é tetra campeão da Segunda Divisão. Ergueu as taças com Brasília (2001), Paranoá (2004), Capital (2005) e CFZ (2010), além de ter comandando equipes como Samambaia, Guará, Aruc e as categorias de base do Gama. Diante de tal currículo, a decisão de nomear Rizada ao posto de comandante do Azulão enchia o peito da diretoria e inflava o imaginário do torcedor.

Contudo vieram os resultados. No Candanguinho, a medíocre campanha desenhada sob 2 vitórias, 1 empate e 2 derrotas em 5 jogos, rendeu somente a 3º posição do Grupo B ao Cruzeiro, insuficiente para o avanço às fases eliminatórias da competição. Na Segunda Divisão, resultados pífios. Apenas 1 ponto em 5 partidas disputadas, a segunda pior campanha do certame, sendo superior apenas à jovem equipe do CFZ que perdeu todos os seus cinco jogos. Em sua casa na Segundinha, o Estádio Luiz Alfredo “Luizinho” em Novo Gama-GO, foram três derrotas. Diante do Botafogo, na estréia, uma partida de polêmicas na arbitragem e excesso de entradas duras de ambas as equipes. A falha no gol de abertura por parte do arqueiro Marlon abalou o psicológico do grupo, que cedeu um novo gol na segunda etapa e saiu derrotado sob os protestos de seus torcedores.

Diante de SESP/Samambaense e Legião, 3ª e 5ª rodadas respectivamente, derrotas que variaram do inesperado ao corriqueiro. Na primeira delas, o Carcará entrou em campo como franco favorito. Ao soar do apito final, os dois gols de Jefinho, meia do Samambaense, no final da peleja (um deles olímpico) e os repetidos protestos do torcedor escancararam a dura realidade da equipe até ali: a falta de entrosamento e os nervos à flor da pele levaram um enxuto e promissor elenco ao vexame. Contra o Legião, no último sábado (8), já sem Rizada na beira de campo – o interino Rodrigo Melo comandou a equipe – o Cruzeiro mal podia passar da linha que divide o campo rumo ao ataque. O entrosamento e a velocidade do Leão puseram o Azulão na roda. O número bastante reduzido de torcedores nas arquibancadas do Luizinho foi a triste melodia para uma campanha que poderia ter sido destacada, mas que permaneceu apenas no imaginário de torcida e jornalistas que apostaram no Carcará antes do início da Segundinha.

O que resta agora ao Cruzeiro, equipe conhecida pelo talento de sua base e formação de atletas, é manter a preparação e o devido planejamento para a temporada seguinte, mesclando peças experientes com jovens atletas, prezando pelo equilíbrio psicológico de jogadores e comissão técnica em momentos de adversidade no placar para que toda a equipe possa voltar aos campos entrosada, focada em vencer e preparada para lidar com derrotas e desvantagens em campo.

PONTO POSITIVO

Apesar da catastrófica eliminação não podemos olhar para a situação do Cruzeiro como caso perdido. Além de formador de atletas, o clube utilizou peças de muita qualidade que, em atuações isoladas, demonstraram grande disciplina tática, boa forma física, desempenho satisfatório em fundamentos como posicionamento, passe e finalização, além de atributos como raça, entrega em campo e respeito à instituição. Mesclar estas qualidades ao bom trabalho feito na base da equipe e executar melhorias no planejamento para o ano de 2019 certamente é a fórmula que o Cruzeiro precisa para alçar voos altos que honrem sua posição como tradicional clube de Brasília. A consolidação do Carcará no cenário futebolístico de Brasília é uma realidade a ser alcançada e o trabalho para alcançar tais objetivos já teve seu pontapé inicial, basta que o planejamento seja construído a longo prazo.

PONTO NEGATIVO

O duplo fiasco de Rizada no comando do Cruzeiro levanta uma dúvida no já citado planejamento da equipe. O grupo, montado sob a experiência de jogadores rodados e a jovialidade de jovens expoentes do futebol local não conseguiu encontrar o entrosamento e o equilíbrio emocional em suas partidas. Teria sido a escolha do técnico o ponto fora da linha? Rizada não precisa provar sua qualidade na beira de campo, comandando uma equipe profissional, mas os recentes resultados nesta Segunda Divisão levantam a hipótese do treinador ter sido escolhido “às escuras”, sem um real estudo sobre as possibilidades ideais em relação ao elenco montado. Além disso, apesar de numeroso, o elenco da equipe parecia estar em desequilíbrio entre times titulares e reservas. Nas três derrotas em casa, por exemplo, o Azulão diminuiu consideravelmente seu desempenho em campo nos segundos tempos, após a primeira ou a segunda substituição executadas por Rizada. A conciliação entre comissão técnica e atletas somados aos fatores entrosamento e emocional podem ter sido a pedra nas chuteiras do Carcará.

Campanha – Segunda Divisão 2018

5 jogos / 0 vitória / 1 empate / 4 derrotas / 5 gols pró / 12 gols contra

1ª Rodada – Cruzeiro 0 x 2 Botafogo
2ª Rodada – Cruzeiro 1 x 1 Brasília
3ª Rodada – Cruzeiro 2 x 4 SESP/Samambaense
4ª Rodada – Cruzeiro 1 x 2 Planaltina EC
5ª Rodada – Cruzeiro 1 x 3 Legião

Por Gabriel Felipe

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