O meia Dougão viveu emoções distintas no ano de 2018. Experimentou o gosto amargo do rebaixamento jogando pelo Paranoá na primeira divisão deste ano, mas conseguiu dar a volta por cima ao ser um dos destaques do Capital durante a Segunda Divisão. Apesar da baixa estatura (1,64 m), o jogador revelado nas Categorias de Base do Brasília marcou gols decisivos (e de cabeça) na reta final da divisão de acesso.
Fouglas disse que ganhou o apelido quando jogava no futebol amador de sua cidade “Eu tenho um grande amigo de infância e eu jogava sempre com ele. O apelido dele é Di Maria, aí os caras daqui da rua viam que eu era pequeno mas era raçudo, aí eles chamavam nossa dupla de Dougão e Maria”.
E a vida de Dougão não teve facilidades. Morador da humilde cidade do Paranoá, o jogador já experimentou os dissabores de quem batalha no futebol candango. A primeira experiência ele vivenciou quando ainda integrava a base do Brasília: “Fiquei três anos na base do Brasília (Infantil) com o Marquinhos Carioca. Ganhei o Campeonato Candango Juvenil. Tinha a confiança do treinador, mas na virada do ano eu subi para o Juniores e trocaram o treinador (Wilson Moreira). Aí ele não acreditava em mim por causa da minha altura. E eu machuquei a coxa antes de o grupo ir para a Copa São Paulo. Como meu contrato era amador, eles me mandaram embora” disse.
Sem clube, Douglas decidiu voltar à rotina de estudos e desistir da carreira de jogador de futebol. Até que seu nome foi lembrado novamente para um projeto social da propria cidade: “Em 2015 eu decidi que iria parar, mas aí o Roberto Patu me levou para o Luziânia, era o meu último ano de Juniores. Nosso time perdeu a semifinal para o Brasília no Campeonato Brasiliense e resolvi estudar. Fiquei nessa situação até julho de 2017 quando o Bira que tem um projeto aqui na cidade de Paranoá me chamou para jogar a Copa Brasília (evento não chancelado pela Federação). Treinava no dia que dava, porque eu estudava à noite e mesmo mal fisicamente fui o melhor jogador da equipe sub-23″.
Depois da boa atuação na Copa Brasília, viria o primeiro contrato como profissional pelo Paranoá. Parecia que desta cez as coisas iriam engrenar, mas…”Em 2018 fui convidado a jogar pelo Paranoá. Na pré-temporada fiz dois gols de cabeça contra o Capital em amistoso, mas no candangão eu fiz poucos jogos porque o treinador confiava no meu trabalho, mas a diretoria colocava dificuldades porque eu era muito baixo. E o Hugo (Almeida, atual treinador do Capital) me falava que eu tinha condições de jogar”.
O entra e sai de treinadores foi apontado pelo jogador como um dos prováveis motivos da queda do Paranoá para a segunda divisão, mesmo tendo um elenco compatível para a competição: “Quando o (Luiz)Felipe assumiu o time, eu fui titular e fiz um grande jogo contra o Real. Mas depois que chegou o Luiz Carlos, mais uma vez fiquei sem ter chances no time” afirmou.
A alegria de voltar a jogar somente viria no segundo semestre. Ex-analista de desempenho do Paranoá, Hugo Almeida montou o seu grupo no Capital e chamou vários jogadores com quem trabalhou na Sucuri. Na Coruja, Dougão se encaixou na equipe e pôde render o seu futebol: “Sou grato demais ao Hugo porque ele me deu muita moral, me deu liberdade de atuar. Acho que se não fosse ele eu não teria ido tão bem na segunda divisão”.
Segundo Dougão, a conquista do título nem foi a maior alegria que teve durante a segunda divisão. Ele disse que o melhor jogo seu foi a vitória obtida no Bezerrão diante do Planaltina, quando a equipe virou o jogo contra o invicto PEC: “A emoção maior que eu tive foi contra o Planaltina eu estava com uma lesão na virilha e estava me incomodando muito. E o Hugo falou que eu iria para o jogo, porque ele viu que eu tinha condições de jogar mesmo eu não acreditando. Aí nosso goleiro Mateus Lorenzo conversou muito comigo. No dia do primeiro jogo contra o Planaltina, conversei com o Paulinho e disse que iria subir ao ataque. Na primeira vez eu não cheguei na bola, mas na segunda depois que o Wisman cruzou eu cabeceei e fiz o gol. Foi uma emoção muito grande porque a gente estava de cabeça baixa e com o gol a gente voltou a acreditar na virada”.
O jogador agora curte merecidas férias e passa a analisar as propostas que vem recebendo. E não descarta seguir no clube: “Meu futuro ainda é incerto, tive algumas propostas e tals, mas tá sendo tudo analisado. Ainda nada concreto, mas apareceram algumas propostas boas daqui de Brasília e outras de fora. Se não aparecer nada melhor minha intenção é permanecer no Capital e ajudar da melhor forma possível.
Por Marcelo Gonçalo
No futebol de brasília tem muitos bons jogadores. O que falta é oportunidade e os times valorizarem mais a base.