Eu, Antonio, nasci em 1977. Das Copas de 78 (Argentina) e 82 (Espanha), não tenho lembranças, só vi mais velho. Na de 1986 (México), ficou marcada a infelicidade do goleiro Carlos na disputa de pênaltis contra a França. Claro, também inesquecível a cobrança de Zico (que acabara de entrar) no tempo normal. Talvez o mais triste tenha sido ver o Dr. Sócrates perdendo a derradeira cobrança. Era meu grande ídolo à época. Por causa dele, sonhei ser médico e jogador de futebol, embora não tenha seguido nenhuma das duas carreiras. Lembro ainda que, após a eliminação brasileira, decidi torcer para a seleção anfitriã. Mas, no mesmo dia, os mexicanos foram derrotados pela Alemanha Ocidental.

Em 1990 (Itália), aos 13 anos, já pude aproveitar melhor e viver mais o clima de Copa do Mundo. Sofri com o pobre futebol da Seleção Brasileira na primeira fase. Mas, aos trancos e barrancos, avançamos. Era grande a esperança na dupla Müller e Careca. Nas oitavas de final, o adversário seria o nosso maior rival, a Argentina. Motivo de preocupação diante da produção do Brasil até aquele momento. No entanto, pra minha surpresa, na minha lembrança aquele foi o melhor jogo do nosso time, apesar do gol não ter saído. O problema é que do outro lado estava Maradona. Em uma única jogada, colocou Caniggia cara a cara com Taffarel. Aquele 1 x 0 decretava o fim do sonho de ver o Brasil campeão.

Mais quatro anos de espera e chegamos a 1994 (Estados Unidos). Essa sim foi a minha Copa! Com 17 anos, estava cursando o 3º ano do Ensino Médio e os jogos foram disputados no período de férias escolares. Nesse Mundial, pude acompanhar mais jogos, conhecer mais das outras equipes e, especialmente, ver em campo alguns jogadores que admirava muito, que marcaram minha vida de torcedor. Assisti os jogos do Brasil como deve ser (na minha opinião), sozinho (ou com pouca gente), em casa, para poder ouvir tudo, ver tudo, captar cada momento.

Taffarel seguia no gol brasileiro. Na minha visão de torcedor, nenhum outro goleiro chegou perto de Cláudio André Taffarel defendo a amarelinha. Passei a admirá-lo nos Jogos Olímpicos de Seul em 1988. Naquele ano, Taffarel já se consagrava como grande pegador de pênaltis e conquistou a medalha de prata com o Brasil.

Branco, Raí, Dunga e Jorginho também eram jogadores especiais para este jovem torcedor. Ícones nas suas posições e, à exceção de Raí, fizeram uma grande Copa. Porém, o grande trunfo daquele time estava na linha de frente, a melhor dupla de ataque do mundo, de todos os tempos. Pelo menos foi assim que ficaram marcados no meu coração de torcedor, Bebeto e Romário.

A parceria que se iniciou em 1988 chegou ao auge em 94. Juntos, marcaram oito dos 11 gols do Brasil na campanha do tetra. Bebeto e Romário se completavam em campo como nenhuma outra dupla. Vê-los juntos vestindo a amarelinha é, sem dúvidas, das melhores lembranças que tenho no futebol. E a imagem que melhor ilustra isso é aquele “eu te amo” de Bebeto após marcar o gol da classificação brasileira contra os Estados Unidos com assistência do baixinho.

Diferente das outras Copas, a de 1994 deixou muito mais lembranças: a expulsão de Leonardo, o gol de falta de Branco contra a Holanda, o gol de cabeça de Romário contra a Suécia, a comemoração de Bebeto embalando um bebê e Taffarel defendendo pênalti são algumas delas.

É inesquecível comemorar uma Copa do Mundo, ver o capitão Dunga levantar a taça, uma cena tão sonhada de ver acontecendo ao vivo. Quando o técnico Carlos Alberto Parreira atravessou as arquibancadas carregando a taça e dizendo “pode tocar que é nossa!”, me senti ali, fazendo parte daquele momento, carregando a taça. Claro que assisti às imagens daquele dia no momento que escrevia esse texto e toda aquela emoção voltou à tona. Aquele dia foi muito especial. Obrigado, futebol. E vamos pra mais uma, afinal, faltam só 100 dias!

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