Enquanto os jogadores adversários comemoravam no vestiário ao lado, a delegação do Ceilandense tentava entender o que havia acontecido. Na ocasião, segunda rodada da Segunda Divisão do Campeonato Candango de Futebol, a Segundinha, o time de Ceilândia fora surpreendido por um 4 x 2 diante do Botafogo-DF. Durante a celebração do Fogão, o preparador físico do time rubro-negro, Fernando Julião, se reunia com os atletas. “Vamos manter a calma”, disse a eles. “Estamos apenas na segunda rodada.”

O Ceilandense ainda chegou a empatar contra o Paranoá na rodada seguinte, mesmo com um jogador adversário sendo expulso durante o jogo. Para dificultar ainda mais a vida da equipe, Gustavo Lott deixou o comando técnico do clube após o tropeço.

Começo do Ceilandense não foi animador, mas certamente está valendo a pena. Foto: Gabriel Lopes Mesquita/DF Sports+

Quem gosta de padronizar o jogo de bola poderia imaginar que ali fosse o fim da linha para o Ceilandense na Segundinha. Mas dizem que o futebol é imprevisível e, de lá para cá, a equipe acumulou cinco vitórias seguidas. Diante do Legião, no último sábado (12), uma vitória por 2 x 1 somada a um empate sem gols entre os adversários diretos Botafogo-DF e Paranoá, deram ao clube de Ceilândia a primeira vaga na elite estadual de 2020.

Agora, com o objetivo principal alcançado e faltando apenas uma partida para o fim da competição, o Ceilandense quer fechar a campanha com chave de ouro: erguendo o troféu de campeão.

Experiência em campo

Para fazer uma boa campanha na competição, o rubro-negro resolveu apostar na experiência. Com nomes conhecidos do futebol de Brasília, o segredo do sucesso estava em fazer a engrenagem girar corretamente. Como Gustavo Lott deixou o comando após o empate com o Paranoá na terceira rodada, coube ao auxiliar Jezimar Marques, vulgo Flu, o dever de comandar a equipe interinamente até que a diretoria encontrasse um novo nome. O que o presidente Manoel Santos não esperava era que Flu pudesse encaixar tão bem como treinador daquele elenco.

Da quarta rodada em diante, o Ceilandense, sob o comando de Flu, não perdeu mais. “Já sabíamos da qualidade dele, mas foi superior às nossas expectativas, então deixamos ele fazer o trabalho dele junto ao elenco”, explica o presidente.

Flu deu uma identidade ao Ceilandense. A defesa, composta pelos goleiros Léo e Michael e os zagueiros Índio, Dedê e Wallace, fez um trabalho consistente até aqui: foram oito gols sofridos em oito jogos — a goleada para o Botafogo-DF deixou este número desproporcional. Depois disso, a defesa rubro-negra só foi vazada outras três vezes.

O preparador de goleiros Ronaldão conta que a experiência dos arqueiros foi fundamental na construção defensiva da equipe: “O Léo já vinha de um campeonato pelo Real FC, e o Michael foi campeão com o Sobradinho. Graças a Deus deu tudo certo”, explica.

Ronaldão teve a missão de entrosar e mesclar titularidade de dois goleiros experientes. Foto: Gabriel Lopes Mesquita/DF Sports+

Gradativamente, Flu deu velocidade à transição e recomposição defensiva da equipe, diminuindo os problemas lá atrás: “A gente conta com a experiência desses atletas. Damos as funções e eles são rápidos em executá-las de maneira entrosada”, conta o treinador. Ele explica melhor no áudio abaixo:

O setor ofensivo não deixa a desejar. O volante Filipe Werley (mais conhecido como Pipoca), um dos principais responsáveis pela saída de bola, trouxe bastante experiência à equipe após vir de um título de primeira divisão meses antes com o Gama. Mais à frente, William, Mirandinha, Betinho e Clécio são cartas marcadas e indispensáveis na artilharia que rendeu o segundo melhor ataque dessa Segundinha – 14 gols em 8 jogos. Resultado disso: o Ceilandense é um dos poucos times que balançou as redes em todas as rodadas.

Poucas lesões

Mesmo com um time mais experiente, o Ceilandense não tem sofrido muito com lesões físicas. E mesmo nessa época do ano, em que as temperaturas elevadas exigem mais da capacidade física dos atletas, o bom trabalho comandado pelo jovem Luan Lincoln tem surtido efeitos positivos. “Tivemos uma média de oito, nove lesões, onde apenas duas foram mais graves”, explica o fisioterapeuta. Ele explica também que a maioria dos problemas físicos foi contornado a tempo de dos atletas retornarem às atividades.

O preparador físico, Fernando Julião, a quem Lincoln se refere acima, ressalta que o formato da competição valorizou o trabalho físico dos atletas. Até por isso ele prefere o sistema de pontos corridos. “Assim, a competição é valorizada, pois são todos contra todos. O grande desafio, comum a todas as equipes, é a estrutura da segunda divisão, principalmente. Mas a gente conseguiu contornar tudo isso e atingir nosso principal objetivo”, pontua Julião.

Perguntado sobre o objetivo do título, o preparador afasta qualquer sentimento de oba-oba: “Ainda não acabou. Temos o compromisso no sábado (19) contra a excelente equipe do Planaltina. Alcançamos o objetivo de subir, o que foi uma grande alegria, mas agora temos uma nova meta, que é a de ser campeão. Ainda não está nada decidido”, pondera.

União em campo

Todos esses ingredientes fizeram do Ceilandense uma equipe unida. Flu revela que, após a derrota na segunda rodada, a equipe se reuniu para colocar a cabeça no lugar: “Conversamos muito e reforçamos a necessidade de corrigir os erros. Desde então estamos muito unidos, e o resultado se vê em campo.”

O goleiro Léo, que dividiu a titularidade com Michael, explica como essa união foi lapidada: “Colocamos na mente que podíamos subir e nos entrosamos. O clima no nosso vestiário é excelente, muito difícil de encontrar em qualquer outra equipe”.

Ele comenta também sobre como esse entrosamento ajudou na campanha dessa Segundinha, que, segundo o arqueiro, foi de bom nível técnico. “A segunda divisão é disputada, e a gente sabe disso. Esse ano a briga foi rodada a rodada. Nós soubemos sofrer quando necessário e soubemos jogar também. Pusemos a cabeça no lugar e chegamos até aqui”, conta.

Faça as contas

O Ceilandense vai a campo contra o Planaltina, que apenas cumprirá tabela. Na liderança do campeonato, o rubro-negro precisa apenas de si mesmo para erguer o troféu. Se vencer, é campeão. Em caso de empate, terá de torcer para o Paranoá não triunfar. Na pior das hipóteses, caso uma derrota surja no caminho do time de Ceilândia, a equipe também precisará torcer por um tropeço da Cobra Sucuri.

A partida diante do Planaltina será realizada no sábado (19), às 15h30, no Estádio JK, no Paranoá.

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