Os atletas do Distrito Federal fizeram a festa da torcida com a conquista de 24 medalhas no 13º Campeonato Pan-Americano de Kungfu Wushu, realizado neste fim de semana, em Brasília. Os representantes locais levaram nove ouros, seis pratas e nove bronzes. Em todo o evento, o país subiu 45 vezes ao pódio.
Mais importante competição da modalidade no continente, o Pan-Americano reuniu 300 atletas de 6 a 40 anos que representaram 15 diferentes países. O evento teve disputas nas categorias infantil, infanto-juvenil, juvenil e adulto em duas modalidades: Sanda, de luta, e Taolu, com apresentações de rotinas técnicas.
Primeira competição continental de Wushu desde o início da pandemia de Covid-19, o Pan-Americano foi considerado um sucesso de organização e infraestrutura. O evento teve patrocínio do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) e do Conselho de Administração do Fundo de Apoio ao Esporte (Confae).
“O apoio foi fundamental para conseguir entregar um evento com essa infraestrutura. Quando tem as melhores condições, o atleta pode dar o seu melhor. Tudo funcionou muito bem. Os atletas vieram competir sem preocupações externas, 100% focados nos seus objetivos. A sensação é de missão cumprida”, avaliou o líder do comitê organizador e secretário-geral da Confederação Brasileira de Kungfu Wushu (CBKW), Marcus Vinicius Fernandes Alves.
Emoção por estrear em casa
Parte dos representantes do Distrito Federal estreou em Campeonatos Pan-Americanos com dupla emoção: além de competirem em casa, contando com forte apoio da torcida, conquistaram medalhas logo em sua primeira participação.
Aos 25 anos, Ângela Ximenes foi um desses casos: bicampeã sul-americana, a atleta de Brasília levou o ouro na categoria Daoshu, do Taolu, e já mira novos feitos inéditos na sua carreira.
“É difícil até descrever a sensação de entrar e ouvir todo mundo gritando o seu nome, apoiando o Brasil. É uma energia que só faz pensar em dar o melhor. Quero representar o Brasil em Mundiais. Ano que vem tem Mundial e vou buscar a minha vaga na seletiva”, afirmou.
Gabriel Nakamura, também de 25 anos e do Taolu, levou três medalhas para casa logo na sua estreia: foram dois ouros (Nangun e Nandao) e um bronze (Nanquan).
“Competir em casa é muito diferente, a vibração muda completamente o seu estado de ânimo. Você fica um pouco mais ansioso, mas ao mesmo tempo dá uma adrenalina muito forte. O corpo responde muito diferente. É fenomenal”, vibrou.
Impacto no fomento ao esporte
Mais experiente, Michele Santos já tem no currículo uma série de conquistas internacionais. Uma semana antes do Pan-Americano, a atleta de 30 anos levou uma inédita medalha de bronze nos Jogos Mundiais, nos Estados Unidos.
No Pan-Americano, foram mais dois pódios para o currículo: uma prata na categoria Jianshu e um bronze no Changquan, ambas do Taolu. Para ela, um evento como o deste fim de semana pode provocar um importante impacto positivo para a modalidade.
“Brasília tem uma história muito bacana com o Wushu. Com mais estrutura e mais divulgação, esse ninho que temos hoje vai virando uma grande família. Acredito que quanto mais tivermos esse tipo de evento, mais pessoas teremos no Wushu e mais história Brasília vai ter na modalidade, aqui e lá fora”, opinou.
Éverson Pereira, de 27 anos, tem a mesma visão. Atleta, técnico e professor, ele somou mais duas medalhas em Pan-Americanos – prata no Daoshu e bronze no Changquan -, chegando a cinco em todas as suas participações no evento.
“Tivemos uma estrutura extremamente profissional. É uma realização. Mais gente vai vir para o esporte e a nossa comunidade acaba crescendo muito. E, vendo o papel social, temos a possibilidade de o Wushu ser inserido em contextos em que pode ajudar muita gente”, projetou.
Nova geração no pódio
O Pan-Americano também marcou a estreia internacional de uma nova geração brasiliense, que competiu nas categorias infantil, infanto-juvenil e juvenil. Apesar de novatos na competição, os jovens demonstraram talento e grandes planos para o futuro.
“É a primeira vez que participo do Pan. Está sendo uma experiência inovadora, muito legal. O nível técnico é bem alto, principalmente dos americanos. Sonho conquistar pelo menos um lugar no pódio de um Mundial”, afirmou Gustavo Henrique Lima, de 12 anos, ouro nas categorias Nangun e Nanquan, do Taolu.
Medalhista de bronze nas mesmas categorias, Luíza Fragoso tem planos ainda mais ambiciosos.
“Foi a minha primeira competição internacional. Estava muito ansiosa, mas depois fiz o que tinha de fazer. Treinamos muito para a competição, minhas adversárias eram muito boas. Quero ganhar um Mundial”, disse a atleta de 12 anos.
Sobre o Wushu no Brasil
O Wushu conta com cerca de 220 mil praticantes no Brasil, sendo 15 mil filiados às federações estaduais, segundo o último censo realizado pela CBKW. Potência nas Américas, o país vem ocupando um lugar de cada vez mais destaque no cenário internacional: nas últimas quatro edições do Campeonato Mundial, conquistou dez medalhas.
O Sanda é a modalidade de luta do Wushu, marcada por combates de contato total, fluidos e emocionantes. Cada luta é realizada em três rounds de dois minutos cada, com um período de descanso de um minuto entre os assaltos. Os atletas recebem pontos dos árbitros por técnicas executadas com sucesso conforme os critérios de pontuação.
O Taolu, mais conhecido no Brasil como rotina, compreende um conjunto de técnicas pré-determinadas coreografadas de acordo com princípios e filosofias para incorporar ataques e defesas características de um estilo de Kungfu. Os atletas executam rotinas (de mãos livres ou com armas) baseadas em regras específicas, destacando suas capacidades atléticas.
O Campeonato Pan-Americano de Wushu tem patrocínio do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) e do Conselho de Administração do Fundo de Apoio ao Esporte (Confae)