O futebol brasiliense é composto por uma fauna interessante. Em sua esmagadora maioria, aves e felinos competem entre si, ano após ano, sempre em busca do posto de maior da capital. Posto este que é dominado por um Periquito, o maior vencedor, seguido de seu maior rival, o Jacaré, que conforme ensina a biologia, possui um certo grau de parentesco com os pássaros. Curiosamente, na última semana, as aves de rapina despacharam de volta para casa um jovem Leão cor de laranja, fugaz e jovial, que buscava surpreender o restante dos bichos. O outro a cair fora da disputa foi o Galo, que terá de esperar algum tempo para cacarejar nos nasceres do sol de Brasília. É tempo de erguer a cabeça, nobre Galo! 

Pelo caminho ficaram o Jaguar, o Leão, o Dragão e até o Avião Colorado. Estes terão de olhar para o futuro, pois o presente reservou grande festa para Brasília. A batalha final será entre Águia e Coruja, ambas trajadas na cor azul. Um é como o céu noturno, azul escuro feito o oceano. O outro é como o céu dos dias, a celeste da capital. Curiosamente, as suas melhores características se entrelaçam entre a qualidade de seu futebol e os atributos de seus animais mascotes.

 A Águia, totem do Taguatinga Esporte Clube, do topo mais alto do Distrito Federal observa suas caças. Voraz e agressiva, a equipe carrega consigo a experiência e sapiência de seu elenco. Sua sabedoria foi adquirida através dos anos e seus guerreiros de armadura azul marinho conhecem cada centímetro de grama das canchas brasilienses. Do lado oposto, a Coruja do Capital Clube de Futebol, esbanja carisma. Seu totem é símbolo da inteligência, representado pelo seu jovem mestre que comanda seu exército feito um mestre general ancião das guerras medievais. São velozes, perigosos e de pontaria afiada: são capazes de lançar o mais potente canhonaço da mais longínqua distância, acertando sem dó nem piedade o centro do alvo. Esta é a celeste que desce ao show. 

E o palco da peleja não podia ser melhor. O velho Bezerra, conhecido palco do futebol candango, mais uma vez cederá seu tapete esmeralda para uma nova decisão da capital. Seus domínios, pintados na cor do time da casa, refletirão os cinqüenta tons de azul. E o mais importante é ressaltar que dentre os brasilienses, o Bezerrão foi o mais candango desta Segundinha: seu campo de batalha fora mais utilizado que os demais, mantendo o estádio como um dos mais tradicionais de Brasília, como sempre foi. 

Sob o sol escaldante deste quadradinho do ponto zero brasileiro, os futebolistas de nossa terra se reúnem numa só voz. Águia d’um lado, Coruja, d’outro. Felinos se aquietam e assistirão concentrados: as aves de rapina decidem a final da fauna futeboleira da capital do Brasil.

 

Por Gabriel Felipe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *