O objetivo dos jogadores é levar a bola até a linha de gol do campo do adversário. Essa é a meta básica de vários esportes, como o futebol e o futebol americano. Há também muito contato físico, para impedir o adversário de levar a bola e pontuar. Essas são algumas das características do rugby, esporte criado na Inglaterra em 1823, quando durante uma partida de futebol, William Webb pegou a bola com as mãos e correu até o gol.
O rugby é um esporte ainda pouco conhecido na nossa cidade. Na teoria, existem cinco times, mas na prática, apenas dois participam de competições oficiais. Com o objetivo de tentar mudar isso, no fim do mês será realizado aqui em Brasília a primeira etapa do Circuito Centro Oeste de Rugby Feminino, chamado de Pequi 7s. Segundo Érika Caroli, treinadora da equipe da UnB, a ideia do torneio surgiu da vontade de desenvolver o rugby da região. “Queremos fazer o nosso esporte crescer e aumentar o nível, já que em Brasília não existem muitas equipes”.
Serão três etapas no torneio, sendo a primeira em Brasília, nos dias 30 e 31 de março, depois em Cuiabá e em Goiânia. Os jogos serão na Agepol, no Setor de Clubes Sul, e a etapa é aberta ao público. Além da própria UnB, já estão confirmadas também as equipes Goianos, de Goiás, e Acemira, do Pará.
Dentro do rugby existem diversas modalidades. Além das divisões tradicionais do Rugby Union Sevens (sete jogadores) e XV (15 jogadores) jogadas em campo, existe uma outra divisão chamada League, com 10 ou 13 jogadores nos times, e o Touch (uma adaptação do rugby sem contato), além do rugby em cadeira de rodas. O esporte também pode ser praticado na areia e na neve. O torneio Pequi 7s será nos moldes do Rugby Union Sevens.
O time de rugby da UnB foi ideia da ex-técnica Camilla Civatti, que em 2014 teve a ideia de desenvolver no DF o esporte que tanto crescia no país nas categorias feminina e masculina adultas. Em 2017, a equipe feminina foi campeã nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), vice-campeãs do Pequi 7s e Cerrado 7s. Em 2018, além de participação no 24º Valentin Martinez, campeonato tradicional sul-americano, chegaram novamente à final do JUBs, conquistando o vice-campeonato.
Taynara de Almeida, estudante de enfermagem da UnB, joga de centro e abertura, e diz que começou a treinar pela equipe em 2016. “Vi publicações de uma colega minha no face sobre os campeonatos e fui perguntar como funcionava. Mas só comecei a me dedicar mais em 2017, a pôr os treinos como parte da rotina, e não apenas como hobbie”. A estudante ainda conta que sua principal dificuldade foi se acostumar a fazer um trabalho mais intenso e passar a bola para trás, já que jogadores à frente da linha da bola não podem recebê-la.
Apesar de ser um esporte de muito contato, dentro de campo não há espaço para o machismo. A seleção brasileira feminina, por exemplo, possui mais títulos que a masculina, e está em primeiro no ranking sul-americano e melhor colocada no mundial que a masculina também. Isso acontece porque não é necessário ter um porte físico específico para praticar o rugby. “É um esporte totalmente inclusivo, com espaço para todos, já que cada biotipo possui uma vantagem”, explica a treinadora.
Quando o assunto é como tornar o rugby um esporte mais popular, técnica e jogadora concordam, “precisamos de mais apoio e incentivos, faltam informações e espaço para que elas sejam fornecidas”. Atualmente a equipe não conta com patrocínios, mas recebe o apoio da universidade, que cede o espaço para os treinos, ajuda no custo para os jogos universitários e materiais.
O rugby voltou para a Olimpíada em 2016, nos jogos do Rio de Janeiro. A modalidade já havia sido disputada nos Jogos de Paris (1900), Londres (1908), Antuérpia (1920) e Paris (1924), quando França, Austrália e Estados Unidos duas vezes sagraram-se campeões. Para Érika, isso foi muito importante para o esporte, já que trouxe mais visibilidade, e com isso, novos interessados em praticar.
Serviço
Quem também quer conhecer mais e praticar o rugby, pode comparecer aos treinos, que para fortalecer a quantidade de atletas, uniu as categorias feminina e masculina, separando apenas nas atividades de contato e táticas. Os treinamentos acontecem nas segundas e quartas das 19h às 21h e nas sextas das 12h15 às 13h45 no campo 1 do Centro Olímpico da UnB, e para participar é preciso ir com roupa esportiva e chuteiras.