Hélio Pereira Campos realizou na última rodada do Candangão 2019 o sonho de qualquer garoto que gosta de futebol: jogar profissionalmente com direito a ser o camisa 10 e capitão do time. Mas o “sonhador”, neste caso, já tem 38 anos de idade e está longe de ser um menino. Hélio, que já foi profissional no início do século, sonhava em voltar a jogar e realizou esse sonho atuando pelo Bolamense Futebol Clube. Sua estreia aconteceu no jogo contra o Brasiliense, no último dia 24, no estádio Mané Garrincha.

O camisa 10 conta que começou a jogar futebol aos 7 anos de idade. De tanto insistir, seu pai o levou para conhecer o time profissional Flamengo Tiradentes (extinto clube do DF), e foi orientado a procurar a escolinha de futebol do clube, onde Hélio ficou até os 12 anos de idade. Um tempo depois, o jogador passou a morar na Ceilândia, e atuou em algumas categorias de base de times amadores da cidade, incluindo o 26 Futebol Clube, no qual conheceu Adelson de Almeida, atualmente treinador do Brasiliense.

“Fui para o 26 Futebol Clube, do 26 dei um pulo para o Ceilândia. Fiquei 4 anos jogando pelo Ceilândia, no júnior, para dar um pulo para o profissional. Só que naquele ano de 2000 eu não consegui chegar no profissional. No mesmo ano acabou o campeonato dos juniores, e aí eu acabei sendo emprestado para o Flamengo Tiradentes, onde eu comecei”, diz Hélio.

Em meados de 2001 o atleta ficou sem clube e por dificuldades financeiras na família começou a trabalhar fora do futebol. O jogador diz que ficou sem jogar futebol entre 2001 e 2004, no ano seguinte, o interesse de voltar a jogar despertou. Em 2005 Hélio Campos jogou em alguns clubes mineiros, como URT e Mamoré. 

“Voltei para Brasília em 2006, onde fui jogar no Santa Maria. Quem comandava o Santa Maria na época era o Mozair Barbosa. Disputei o campeonato na segunda divisão em 2006, também não tive êxito, salário também não tinha, aí falei que iria parar de vez. E fiquei disputando só campeonato amador na Ceilândia, Samambaia”, informou o atleta.

No fim do ano de 2018, no entanto, Hélio começou a se preparar para voltar ao futebol profissional. Ele diz que ao acompanhar um treino do Bolamense foi apresentado ao presidente do clube e recebeu a oportunidade de começar a treinar no time. “A emoção foi muito grande porque eu vi meus dois filhos na arquibancada, vi minha esposa. Minha mãe estava viajando, não pôde ir, que foi a maior incentivadora do meu trabalho, tanto no esporte como dentro de casa”, conta Hélio sobre a partida contra o Brasiliense.

“Dentro de campo foi tranquilo porque eu vinha trabalhando já há um certo tempo, então eu estava preparado para aquilo. Depois que eu joguei aquela partida meu telefone tocou bastante, pessoas me parabenizaram pela atitude, muitas pessoas chegaram a me perguntar como é que faz para jogar, acendeu o sonho de muita gente, pessoas de todas as idades procurando saber como faz para ser jogador, então isso para mim foi gratificante. Eu não esperava ser titular e nem ser capitão”, se orgulha o jogador.

Hélio, 10 do Bolamense, em ação pelo clube diante do Brasiliense. Partida aconteceu no Mané Garrincha. (Foto: arquivo pessoal).

O esportista fala que sua inspiração para continuar é a esposa e os dois filhos, principalmente o filho mais velho, Mateus, que sonha também em ser jogador, assim como o pai. Hélio conta que depois da partida contra o Brasiliense seu filho afirmou: “Pai, um dia vou estar aí”.

“Se eu fosse escolher um time do futebol brasileiro para jogar com certeza seria o Botafogo, meu time do coração que eu via jogar e era meu sonho um dia chegar no Botafogo, mas infelizmente não cheguei. Meu ídolo no futebol se chama José Carlos, mais conhecido como Zezinho”, conclui o camisa 10 do Bolamense.

O contrato de Hélio Campos com o Bolamense Futebol Clube vai até junho de 2019, todavia o clube não tem mais calendário para o ano.

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