Craques do passado relembram último clássico de Juniores

No próximo sábado (29) terá início as semifinais do Campeonato Candango Sub-20 2023, quatro equipes brigam pelas vagas na grande final, e também na Copa São Paulo de Juniores em 2024. O destaque fica por conta do duelo entre os rivais Gama e Brasiliense, confronto que não ocorre há 15 anos e vem dando o que falar entre os seus torcedores.

A última vez em que se ambos se enfrentaram foi no Candanguinho de 2008. No dia 15 de junho, o Gama recebia o Brasiliense no estádio Mané Garrincha, que ainda não havia sofrido a reforma que o transformou na atual arena para 70 mil pessoas, Naquela tarde, o Gama , que fazia péssima campanha, entrava em campo diante do favorito Brasiliense, no que seria a última chance de se classificar para a segunda fase.

Mas a equipe alviverde – na época estreando o técnico Gérson Freitas que acabava de pendurar as chuteiras para investir na carreira de treinador – acabou caindo para a eficiência da equipe amarela comandada por Adelson de Almeida. Ao final dos 90 minutos, o Gama sairia derrotado por 4×0 e dava adeus às chances de classificação, com uma campanha vexatória: apenas uma vitória, e por W.O sobre o Esportivo Guará. O Brasiliense foi à final diante do Unaí e abocanhou o seu sexto título da categoria com duas vitórias: 3×0 no estádio Rio Preto em Unaí-MG e 5×2 no jogo de volta, disputado no Abadião.

Aquelas equipes acabaram por criar uma geração de atletas que fizeram história no Distrito Federal. Pelo lado amarelo, havia o goleiro Artur, os zagueiros Lídio e Liel, o volante Klécio e o atacante Geraldo. O atacante Jóbson já era uma celebridade, mas pouco atuou na equipe Sub-20, sendo mais aproveitado na equipe profissional. Pelo lado verde, nomes de destaque, como o goleiro Léo Unamuzaga, o lateral-esquerdo Elivelto e o atacante Hugo Natanael despontavam como promessas que viriam se concretizar no futuro. Curiosamente, muitos dos atletas de ambas as equipes vestiram a camisa do arquirrival.

O projeto de ambas as equipes eram bastante antagônicos. Enquanto o Brasiliense tinha uma base montada e com toda a estrutura, o Gama focava suas forças na equipe profissional. Não à toa o Jacaré foi campeão em todas as edições do Candanguinho Sub-20, até ser extinto em 2010. Um dos protagonistas daquele time foi o goleiro Artur, que defendeu as cores do Brasiliense este ano, e hoje aos 34 anos está na Anapolina-GO para a disputa da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano. Ele enalteceu a força do time e se lembra com carinho das temporadas defendendo a base do Jacaré: “Foi o último clássico disputado, esse time tinha uma galera boa, um time muito competitivo, tinha anos que não perdia um título em Brasília. Eu fui campeão três anos seguidos e goleiro menos vazado, tenho até hoje os troféus. Era um time difícil de ser batido. Tinha Badhuga, Kabrine, Jóbson, Darciel, time enjoado e bem treinado, era uma galera muito boa. Bacana demais relembrar esse último clássico aí”.

Pelo lado alviverde, o atacante Hugo Natanael não guarda boas lembranças de como foi esse clássico no distante Mané Garrincha. Na época ele fazia parte da equipe Sub-17, mas frequentemente era chamado para atuar pelo time de “cima” graças à sua qualidade e faro de gols. O jogador ainda atuou pelo rival e voltou ao Gama, mas uma contusão nos joelhos sofrida quando jogava no Morrinhos-GO acabou por motivar o encerramento precoce de sua carreira. Hoje com 32 anos, o ex-jogador gerencia um posto de gasolina em sua terra natal, Buritis de Minas: “Na época o time foi montado por algumas pessoas de Planaltina, acho que foi o Bira (Binha, ex-volante e auxiliar técnico de Gérson). A gente fez uma campanha muito ruim aquele ano, ganhamos um jogo só e de W.O., mas eu fiz gol” disse o jogador.

No ano seguinte, Gama e Brasiliense voltaram a disputar o Candanguinho Sub-20, mas em chaves diferentes. Pelo lado alviverde, a base agora passava a ser gerenciada pela empresa FUNFA, que pertencia aos empresários Alberto Carlos Mohamed (atual presidente da ARUC) e Carlos Alberto Mohamed. Estourava naquele ano o artilheiro Paulo Renê, autor de 22 gols na competição. Mas o Gama acabou caindo nas quartas de final para o CFZ e não pôde encarar o rival, que acabou conquistando mais um título. No ano seguinte, o Brasiliense extinguiu suas categorias de base, e assim não ocorreram mais clássicos candangos. Os jogadores daquele time no entanto, permaneceram unidos e foram campeões candangos de juniores de 2010, desta vez por outro clube: o Santa Maria.

E a torcida?

Os jogadores divergem quanto à sua torcida para este jogo. O goleiro Artur, que defendeu tanto Gama quanto Brasiliense preferiu ficar neutro, dizendo que quem passar desta fase, irá representar o Distrito Federal muito bem na Copinha em 2024: “Rapaz, sou bem neutro, viu? (Risos) Que vença o melhor, o time mais bem preparado, que mereça representar Brasília na Copinha ano que vem, porque quem passar tem vaga na Copa, né? Então que vença o melhor e o (time) que estiver mais bem preparado, vai ter a minha torcida na Copinha”.

Já o atacante Hugo não ficou em cima do muro, e declarou a sua torcida para o Gama, equipe que o revelou e lhe abriu as portas do futebol profissional. Fez um prognóstico de como será o clássico, esperando o apoio da torcida vinda das arquibancadas: “À respeito do jogo, eu tive a oportunidade de jogar esse clássico pela base pelo Gama, um jogo bem difícil. A atmosfera é outra, o trabalho da semana muda, jogador fica bem mais empolgado. A torcida no estádio, né?! A base geralmente não é acostumada a jogar com torcida apoiando assim, estádio cheio…então vai ser bom para a molecada. Eu tive a oportunidade de jogar pelo Gama na base, e no profissional defendi o Gama e também o Brasiliense, né? Mas nesse confronto, eu vou estar torcendo para o Gama, viu? (risos). O clube onde fui formado, comecei a base aí, foi o time que me deu oportunidade de jogar no profissional. Então eu vou estar aqui na torcida pelo Gama, tomara que passe e consiga essa vaga na Copa São Paulo” disse.

Gama e Brasiliense iniciam a luta pela final neste sábado (29), às 15h, no estádio Luiz Alfredo, localizado no município do Novo Gama-GO. O jogo de volta está programado para o outro domingo (6/08) às 15h30, desta vez no estádio Serejão. Por recomendação da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) , ambas as partidas contarão apenas com torcida única dos mandantes.

Colaboraram Márcio Almeida (Memorial Gamense) e José Ricardo Caldas e Almeida (Almanaque do Futebol Brasiliense)

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