Finais inesquecíveis: o ano em que o Candangão quase foi decidido por W.O.
No próximo sábado (8), Brasiliense e Real Brasília entram em campo para o primeiro jogo da final que vai decidir o campeão do Candangão BRB 2023, e o DF Esportes relembra a você, leitor, algumas finais que ficaram marcadas na memória de quem acompanha o futebol candango
E para começar, nada como lembrar uma das finais mais polêmicas de toda a história: a primeira vez em que uma final de campeonato do Distrito Federal quase terminou em W.O., sim, é isso mesmo que você leu, o jogo mais importante do campeonato por pouco não aconteceu. Naquele mesmo ano, nascia o atual finalista Brasiliense, e quem também foi bem foi o Dom Pedro II, que futuramente virou Real Brasília.
Regulamento
A primeira divisão do Campeonato Candango de 2000 foi disputada por 10 equipes, que se enfrentavam em jogos de ida e volta, em dois turnos, sendo que os quatro melhores passavam para a segunda fase da competição, as semifinais. Os quatro primeiros colocados foram Gama, Brasília, Bandeirante e Dom Pedro. Por consequência do regulamento, haveria o cruzamento olímpico (1×4 e 2×3), sendo que as melhores campanhas teriam vantagem de resultados iguais. Na primeira semifinal, melhor para o Gama, que jogou com o regulamento embaixo do braço e conseguiu passar a final com dois empates. Já o Bandeirante, que estava sem a vantagem, precisava ao menos vencer um jogo, e conseguiu o triunfo no primeiro jogo, empatando o segundo.
Finais e a grande polêmica
Este jogo foi carregado de expectativa, pois era a primeira vez que a equipe do Bandeirante chegava à final da competição, enquanto o Gama vinha para a sua 11ª final, em busca do oitavo título. Nos últimos seis anos, a equipe tinha vencido cinco campeonatos que disputou. A primeira final foi disputada no dia 25 de junho daquele ano, um jogo que ficou em 1 a 1, com gols de Abimael, para o Gama, e Jonathan Bocão, de bicicleta, para o Bandeirante. Mas quando todos esperavam a realização da segunda final, em 2 de julho, começou a confusão.
A equipe do Gama foi suspensa pela FIFA após uma confusão no Campeonato Brasileiro, que inventou uma nova regra com a competição em andamento, buscando ajudar os times considerados do Eixo. Essa nova fórmula acabou prejudicando o Gama, que rebaixou, e foi à justiça buscando permanecer na elite. Nessa disputa judicial, a FIFA proibiu qualquer partida envolvendo a equipe candanga. Por medo de sofrer algum tipo de sanção da entidade, o Bandeirante se recusou de toda forma a disputar o jogo. Para tentar resolver a situação, a política acabou sendo envolvida.
O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) entrou com uma ação na Vara Cível de Planaltina e conseguiu a anulação da punição, através do juiz Jansen Fialho, que concedeu uma liminar no último dia do mês de junho, o que permitiria que a final acontecesse no dia 2. Além de mudar o que foi decidido pela FIFA, a decisão também obrigava a realização dos dois outros jogos que estavam marcados segundo o regulamento da competição, feito pela Federação Metropolitana de Futebol, nome antigo da atual Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF).
Mesmo após essa decisão, Carlinhos Andrade, presidente do Bandeirante, decidiu que não iria entrar em campo, pois a decisão afetava a Federação, e não o seu clube. O mandatário alegava que seria uma desobediência à FIFA, e que o time poderia sofrer uma sanção até pior do que a do Gama. Como resolução dessa decisão, todos os jogadores foram dispensados dos treinamentos nos dois dias que antecederam a final.
Com o impasse, o jogo no dia 2 de julho não aconteceu. Weber Magalhães, que era o presidente da Federação na época e em 2016 assumiu como presidente do Gama, avisou a equipe do Bandeirante que o time perderia o jogo por W.O, um fato inédito na história da competição. Porém, no dia 9 de julho, data em que deveria acontecer a terceira partida, o Bandeirante novamente decidiu não jogar.
A decisão
Como o Bandeirante não compareceu para o jogo, o Gama seria considerado o campeão, mas o caso foi parar no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). No dia 24 de julho, as equipes entraram em acordo para decidir o campeão em apenas um jogo, mantendo a vantagem do Gama em jogar pelo empate, por ter tido a melhor campanha. Devido a demora na definição, o Bandeirante acabou perdendo um de seus principais jogadores, o atacante Jonathan Bocão, que foi negociado com o Vitória-BA, mas ainda conseguiu manter o artilheiro daquele ano, o atacante Jackson, que já tinha marcado nove gols.
O jogo aconteceu no Bezerrão, com uma presença de quase 17 mil torcedores. O Gama foi melhor no início e, com a ajuda da torcida, aproveitava para pressionar, mas perdia as chances claras que tinha. Até que o Bandeirante chegou pela primeira vez e calou o estádio ao abrir o placar aos 14′, com um gol raro de cabeça de Evilásio. Apesar da desvantagem, o Gama seguiu pressionando, e conseguiram o empate aos 22′. Romualdo errou o domínio e a bola acabou sobrando livre para Gerson marcar.
O Gama seguiu com o domínio da partida, mas sempre parando no goleiro Alexandre, do Bandeirante, que fez grandes defesas, evitando a virada. Até que, com um golaço de Kabila, que acertou o ângulo de fora da área, o alviverde virou. A torcida do Periquito não aguentou e começou a cantar o famoso grito de “É campeão”. Mas o Bandeirante voltou a crescer no jogo e, aos 25′, conseguiu mais uma vez deixar tudo igual, em outro gol de bola aérea, dessa vez com Duílio.
O jogo acabou mesmo em 2 a 2, e graças à melhor campanha na primeira fase, o Gama conquistou o quarto título consecutivo, mas o que ficou mesmo marcado foi mesmo a enorme chance de acontecer um W.O. justamente na grande final da competição.
Hoje treinador, Evilásio foi um dos personagens daquela decisão, e falou com exclusividade ao DF Esportes sobre o time do Bandeirante e também sobre aquela final:
Fizemos grandes jogos com o Gama. A equipe deles tinha muito mais estrutura, mas nosso time era muito bom, e merecíamos aquele título também. Era uma época de uma qualidade técnica muito boa. A torcida que viu aquela final com certeza gostou do que assistiu, foi um Candangão de vários bons jogos e as equipes tinham grandes jogadores, fico feliz de ter feito um dos gols da final, uma pena que o título não veio
Começa neste sábado mais uma decisão do Candangão, dessa vez, entre Brasiliense e Real Brasília, que fazem o primeiro jogo no Serejão, às 16h. A volta está marcada para o sábado seguinte (15), às 15h, no Defelê.
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