Goleira se prepara para agarrar o futuro profissional
O momento da aposentadoria costuma ser um grande dilema na vida do atleta profissional. O ex-jogador Paulo Roberto Falcão disse que “o jogador de futebol morre duas vezes, uma quando se aposenta e outra quando morre mesmo.” Pensando no seu futuro quando parar de jogar, a goleira Flávia Guedes, do Real Brasília, já planeja uma nova função dentro do esporte. Com apenas 28 anos, ela começou a se preparar para ser treinadora e já tirou a licença C da CBF, o primeiro passo para seguir a carreira.
Em conversa exclusiva com o DF Esportes, Flávia disse que “há 2 anos eu já conversava com meus pais sobre fazer cursos na CBF porque, quando encerrar minha carreira como jogadora, quero continuar no futebol. Quando isso acontecer, já quero estar pronta. Por isso, estou estudando enquanto ainda jogo.”
“Tenho o objetivo de ser treinadora sim. Mas ainda não decidi em qual categoria quero atuar. Eu penso a médio prazo. Ainda quero jogar por alguns anos e estudar bastante nesse meio tempo.”
Com passagem pelo futebol universitário nos Estados Unidos (EUA), Flávia disse que a possibilidade de seguir a nova carreira começou a surgir ainda no país norte-americano. “Eu comecei a me interessar em ser treinadora quando estava nos EUA, e tive a oportunidade de dar treino para crianças de várias categorias e várias cidades. Mas, não tinha conhecimento. Eu aprendia com os chefes/treinadores do time e me interessei muito em continuar estudando,” afirmou a goleira.
A formação como técnica de futebol já rende frutos para a atleta, que afirma que os estudos contribuem também para a sua carreira atual, “ainda mais jogando de goleira, eu oriento o time o tempo todo. Quanto mais eu estudo, mais eu ajudo o time, mesmo que eu não jogue.”
Na conversa com o DF Esportes, Flávia Guedes falou também sobre o mercado do futebol e aceitação das mulheres no comando dos times profissionais. Se em 2022 tivemos recorde de treinadoras no Brasileiro Feminino A1, cinco ao todo, em 2023 este número caiu para três: Lindsay Camila (Atlético-MG), Carine Bosetti (Avaí/Kindermann) e Jéssica Lima (Ferroviária). “Eu vejo muitas mulheres buscando espaço nessa área, mas de fato ainda são poucas à frente dos times hoje em dia. Acompanho os cursos da CBF e sempre vejo o número de mulheres aumentando,” disse a futura treinadora.
Flávia também disse acreditar que um diria veremos uma mulher comandando equipes profissionais masculinas.
“Acredito que sim. Não vai ser fácil, porque existe muito preconceito. Mas vejo que, como as mulheres estão se qualificando do mesmo jeito que os homens, nas mesmas turmas, com mesmo material e acesso, será só questão de tempo para isso acontecer e as mulheres irem conquistando espaço.”
Enquanto já iniciou a participação em mais um Brasileiro Feminino com sua equipe, a goleira segue se preparando e já planeja os próximos passos. “Penso em chegar na (licença) PRO, sim. Já estou aguardando para me inscrever para a licença B aqui em Brasília, em maio,” concluiu Flávia.