Herói da classificação do Gama, goleiro Walace cogitou desistir da carreira

Foto: Arquivo Pessoal

Convidado desta semana do Resenha FC, o técnico Jonathan Chulapa contou parte da curiosa história do goleiro Walace, autor da defesa do último pênalti no jogo de volta diante do Brasiliense que rendeu a vaga à final do Candanguinho e à Copa São Paulo de 2024.

Entre vários assuntos abordados, Chulapa comentou como se deu a vinda do goleiro de apenas 20 anos: “A gente tem o Isaque que veio do Taguatinga, e ali foi uma disputa sadia por posição, mas o que aconteceu é que o Walace é um menino que nunca foi federado (registrado no BID). Foi uma surpresa, a gente fez um amistoso contra um projeto (Falcon) lá no CT e ele impressionou o Osmair (ex-goleiro e preparador de goleiros do Gama). Ele bateu o olho e falou ‘vamos nesse menino’. A gente achou que ele era 2001 (acima da idade) e nem fomos atrás no primeiro momento. Ele, barbudão assim, falamos, ‘não é possível’. Daí, o próprio treinador deles falou ‘e meu goleiro, tal’ e perguntamos se ele era 2001, mas ele mesmo falou que era 2003”.

Levou todos os documentos para nós e, nos treinos, ele nos impressionou. Os próprios companheiros deram apoio para ele, foi uma grata surpresa, um belo achado do Osmair
Jonathan Chulapa

O DF Esportes foi atrás de mais detalhes sobre esta história que terminou com final feliz. Walace contou que começou a jogar com oito anos, sempre ali nos campos da Ceilândia. “Sempre, desde pequenininho eu jogava na Ceilândia, onde eu moro, por clubes daqui, como P Sul, Falcon, CAGEB, e em vários times que já acabaram. Não tenho muito o que falar porque eu sempre joguei como amador, nunca joguei em um time grande ou um campeonato grande,” contou o atleta.

Walace falou, também sobre novas oportunidades, inclusive na areia. “Depois dos meus 15 anos é que comecei a jogar em campeonatos maiores, como a Copa Brasília, a Novos Talentos (Organizadas pela Lecab). Mas, os maiores que eu joguei nem foram futebol de campo, mas futebol de areia, que eu comecei a treinar e tive uma oportunidade de começar a jogar no Campeonato Brasileiro, no Espírito Santo, pela ARUC. Nós fomos vice-campeões brasileiros, só que, como eu não era muito de areia, eu era reserva. Depois disso, voltei a jogar futebol de campo, em sintéticos, mas assim, no P Sul, não estavam mais me colocando nos jogos,” disse Walace.

Eu já tinha até desistido de jogar futebol, porque a minha idade já estava no limite, praticamente. Daí, comecei a trabalhar e não tive mais tempo para o futebol.
Walace

Mesmo desiludido com a carreira de jogador, Walace aceitou o convite do Falcon para disputar um amistoso contra o Gama no Centro de Treinamento do clube. O Periquito estava se preparando para o Candanguinho e, na oportunidade, acabou se destacando. Depois de passar pela avaliação, o jogador conseguiu superar os treinos puxados do professor Osmair para evoluir na posição. “Fui jogar o amistoso e, nem sei como falar, lá eu me destaquei, agarrei bem e eles me chamaram. Perguntaram seu eu poderia fazer uma avaliação, ficar uma semana avaliando pra ver se eu ficava e deu certo. E foi muito bom, fui muito bem recepcionado por todos os atletas e Comissão. Mas, na hora dos treinos eu tive um pouco de dificuldade, porque nunca tive treinamento em questão de técnica. Porém, o professor Osmair me ajudou bastante em relação a isso,” explicou o jovem goleiro.

Walace no momento da defesa do pênalti diante do Brasiliense no Serejão. Foto: Luís Moreira

A vaga de titular surgiu em um momento crucial para o Gama. O time precisava vencer o Real Brasília na última rodada da fase de classificação, em casa, para seguir vivo no Candanguinho. Walace teve boa atuação e não saiu mais do time. Viriam ainda dois jogos dificílimos diante do Luziânia até que, finalmente, viu o arquirrival Brasiliense como adversário na semifinal. Por incrível que pareça, Wallace disse que não tremeu ao jogar diante de um adversário qualificado e com milhares de torcedores nas arquibancadas: “Para te falar a verdade, foi o jogo que eu mais me fiquei tranquilo”, confessou.

Depois do empate no primeiro jogo, tudo seria decidido na partida de volta, realizada na casa do rival, o Serejão. Após os noventa minutos e um placar sem gols, a decisão foi para os pênaltis. E ali brilhou a estrela de Wallace, que defendeu a última cobrança efetuada por Luís Fernando e carimbou a classificação do Gama para a grande final. Segundo o goleiro, a única reação que teve foi de gritar e comemorar.

Foi uma sensação que eu não consigo explicar, eu só queria gritar (risos). Estava muito feliz, não porque eu peguei o pênalti, mas porque conseguimos a vaga na Copinha. Era uma sensação de alívio.
Walace

Walace projetou como será o jogo da final, que será disputado no próximo fim de semana, quando será conhecido o campeão do Candanguinho 2023 e quem ficará com a vaga na Copa do Brasil Sub-20 em 2024. Ele acredita que será um jogo muito bom para quem puder assistir, e que o Gama irá brigar pelo título. “Vai ser um jogo muito bom de jogar e assistir, pelo fato de ser os dois melhores clubes. Mas, se Deus quiser, sairemos campeões e com o objetivo alcançado”, afirmou.

O herói da classificação do Gama segue a rotina de trabalhar pela manhã, treinar à tarde com os seus companheiros no CT e ir para a Faculdade à noite, para concluir o curso de Gestão. Porém, agora mais revigorado e com sonho de evoluir na carreira de atleta de futebol como profissional. “Sim, se Deus quiser, agora seguir na carreira profissional, conquistar grandes títulos até mesmo com o Gama. Se Deus quiser, agora com contrato profissional, conseguir jogar e conquistar títulos, e é isso,” sonha o atleta.

Acho que eu não pretendo mais parar não. Agora que está dando certo não vou mais parar.
Walace

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