Dos dias 23 a 25 de novembro o município de Leme-SP sediou a I Copa Brasil Wushu Union de Kung Fu. O evento foi sediado no Ginásio de Esportes Waldomiro Macarenko, localizado no centro da cidade. A competição contou com a presença de atletas de cinco estados brasileiros, dos quais competidores da seleção brasileira da modalidade também disputaram o certame. A competição teve como objetivo realizar uma grande festa do Kung Fu/Wushu brasileiro, concedendo a oportunidade de atletas de todas as idades (5 a 60 anos) de participarem, além de promover a interação entre os mesmos.

Representando o Distrito Federal na competição, três escolas marcaram presença: Ao Wushu de Planaltina, Ao Wushu de Ceilândia e Tim Tchan Tchun de Brazlândia. Esta última reservou uma interessante história de “luta” – esta pessoal – de uma de suas competidoras, que para viajar e poder disputar a competição, precisou vender brigadeiros para arrecadar o dinheiro necessário.

Luiza Oliveira, de 19 anos, é moradora do Gama e disputou a primeira edição da Copa Brasil Wushu Union realizada em São Paulo. Em conversa com o DF Sports, Luiza conta um pouco de como foi sua luta pessoal para disputar a competição e as dificuldades de se praticar o Kung Fu em competições oficiais sem o apoio de patrocinadores. Para chegar lá, no entanto, é necessário entender como Luiza decidiu praticar a arte marcial. E a história é interessante. A atleta conta que procurava estudar balé, mas foi surpreendida por uma professora: “Eu queria praticar balé, mas a professora de uma escola de Brasília me disse que eu era muito velha para começar a dança e as turmas já haviam sido fechadas para aquele momento.”. Frustrada, ela então decidiu estudar alguma das artes marciais e, entre uma pesquisa e outra, conheceu o Wushu/Kung-Fu.

Eis que se passaram 2 anos de modalidade e muita dedicação ao esporte, ao qual Luiza se identificou e se apaixonou de primeira. Ela treina de uma a duas horas por dia, de segunda a quinta-feira. Em períodos próximos a competições, a lutadora aumenta seu período de treinamentos e intensifica os estudos na modalidade. Ela pratica no Instituto de Artes Marciais (IAM) do Gama e foi justamente a instituição que convocou Luiza para disputar a Copa Brasil representando a escola Tim Tchan Tchun de Brazlândia.

Venda de brigadeiros

Para viajar a São Paulo e disputar a Copa Brasil de Wushu Union, Luiza levou o sentido da palavra “luta” para outro âmbito de sua vida. Ocorre que a atleta não possui patrocinadores e tampouco apoiadores e, por isso, precisou encontrar uma fonte de renda que custeasse sua viagem e seus aposentos em Leme-SP. Luiza então resolveu vender brigadeiros por bares e restaurantes do Gama para arrecadar os fundos necessários: “Eu comecei vendendo em setembro, salvo engano, e continuei até dais antes da viagem. Eu preparava de 30 a 33 brigadeiros grandes e os vendia por três reais nos bares localizados nos arredores do Gama Shopping.”. Ela também conta que dividia seu tempo e tentava conciliar com a faculdade de Pedagogia: “Eu vendia principalmente nos fins de semana, pois os bares ficam mais movimentados. Só não vendi em todos os finais de semana porque eu estava em período de provas na faculdade e precisei conciliar o tempo.” pondera.

Professora de Luiza, Jéssica Lorena em treinamento para a competição. Foto: Arquivo Pessoal

Com a venda dos brigadeiros, Luiza custeou inteiramente sua viagem e estadia em São Paulo e pôde competir fora do estado pela primeira vez. A lutadora já havia faturado o ouro no Campeonato Brasiliense da modalidade em 2017 e, só não seguiu em frente com as competições seguintes por falta de dinheiro. Para ela, a modalidade sofre com a falta de apoio e todos os atletas são prejudicados: “A gente sofre muito com a falta de visibilidade da nossa modalidade. Quando aconteceu o Campeonato Brasileiro em Brasília, competição classificatória para o Mundial, as arquibancadas estavam completamente vazias.”

A competição em São Paulo foi a primeira de Luiza fora do DF e ela descreve a sensação de representar o DF em uma competição fora do estado após vencer essa luta pessoal: “Foi uma sensação ótima. Eu quase desisti no último segundo por conta do nervosismo da estréia, mas foi tudo muito maravilhoso e deu certo no final. Agradeço a mestre Jéssica Lorena, que me ajudou bastante durante as disputas.” finaliza.

Ela disputará o próximo Campeonato Brasiliense de Wushu, que ainda não possui data divulgada para sua realização. Foi justamente no “Candangão” da modalidade que Luiza conquistou o ouro. Na ocasião, a competição foi realizada em julho de 2017.

Por Gabriel Felipe

One thought on “Lutadora de Brasília custeia viagem à competição com vendas de brigadeiros

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