O 9 da Seleção: de Washington a Endrick
A Seleção Brasileira de futebol se prepara a disputa da Copa América de 2024, que será nos Estados Unidos, de 20 de junho a 14 de julho. Nos próximos dias, o time comandado por Dorival Junior fará dois amistosos, contra México e Estados Unidos.
Entre novidades e polêmicas, as atenções se voltam para o ataque do time brasileiro, que pode contar com três jovens talentos: Vini Júnior, Rodrygo e, especialmente, Endrick. O jovem nascido em Brasília se apresenta ao Real Madrid após a disputa da competição continental e, de acordo com a numeração divulgada pela Confederação Brasileira de Futebol, vestirá a imponente camisa 9 do Brasil nas próximas partidas.
O número remete a grandes jogadores, ídolos do futebol nacional, como Ronaldo, Tostão e Careca. Porém, outro grandes centroavantes brasileiros nascidos na capital federal também já exerceram a função de “9” com a amarelinha, como Amoroso (de 1995 a 2003) e Washington, o “Coração Valente”.
Washington teve uma breve passagem pela Seleção Brasileira no início dos anos 2000. Foram nove partidas, com três gols marcados. Apesar de curta, a oportunidade de defender seu país marcou a vida do atleta. “Com certeza foi a grande realização de um sonho. Quando você está começando em Brasília, fora dos grandes centros, você deslumbra chegar a uma grande equipe, jogar na Europa e, claro, na Seleção”, afirmou o jogador.
Sob o comando de Emerson Leão, Washington foi o centroavante titular do Brasil na Copa das Confederações de 2001 com a camisa 21, coincidentemente, o jovem Endrick usou o mesmo número em sua estreia. Já com Felipão como técnico, o Coração Valente também foi convocado em 2002. No entanto, ficou fora da lista para a Copa do Mundo disputada no Japão e Coréia do Sul. Por clubes, o Coração Valente brilhou no Fluminense, São Paulo e Athletico-PR, além do futebol japonês.
Em contato com a equipe do DF Esportes, Washington falou sobre a exportação de talentos do futebol de Brasília, a falta de referências como “9” no Brasil e ainda sobre Endrick.
Por que você acha que há tantos talentos do DF pelo Brasil e o mundo?
Acredito que por causa dos campos de várzea, tem muitos em Brasília. Na minha época de criança tinha muito mais. Mas entre as quadras, nas ruas, tem muito lugar para formar talentos. Outra questão é que no DF tem pessoas de vários lugares do país. Essa miscigenação também ajuda.
Com tantos talentos, o que falta para o futebol do DF se desenvolver?
Falta investimento. Hoje não se faz futebol sem dinheiro. A gente vê que o público local gosta de futebol, enche o estádio quando tem jogos de fora, mas falta investimento nos times profissionais e de base no DF. O jogador precisa sair do DF para ter oportunidades. Desde a minha época é assim. Se ficassem nos clubes de Brasília, os clubes ganhariam mais.
O Brasil sofre com a falta de referência como camisa 9 no futebol. Qual a razão disso?
Eu culpo os treinadores de base. Se preocuparam em formar atacantes de movimentação, que atuam pelos lados de campo e esqueceram os atacantes de área. O que acontece é que você tem muita criação de jogada, mas falta aquele que vai marcar o gol. Todos os títulos importantes da Seleção e de clubes tinha um camisa “9” forte.
O Endrick pode ser esse camisa 9?
Acho que pode. Para mim ele não é um “9” de área, é um jogador de mais movimentação, que sai da área, tem facilidade de mudar de função. Prefiro ele como um segundo atacante ou até como meia, vindo de trás e se aproximando do centroavante, mas tem qualidade para jogar como “9”. Pedro (do Flamengo) hoje é o principal atacante de área. Endrick poderia jogar pelo meio se aproximando dele.
Qual conselho daria ao Endrick?
Desejo boa sorte. Que vá com a cabeça tranquila. Vai ter muitas pessoas querendo aparecer agora na vida dele. Que tenha a cabeça no lugar, humildade, que a gente já percebe que ele tem. Ele pode ter uma história grandiosa e brilhante na Seleção Brasileira.
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