Opinião: Saída de Ana Moser do Ministério do Esporte pode render frutos ao DF
Na semana passada, o presidente Luís Inácio Lula da Silva decidiu demitir a então Ministra do Esporte Ana Moser do cargo. A ex-atleta de vôlei, medalhista olímpica foi indicada para compor o Ministério do Presidente por vários motivos: primeiro, ser militante do partido de esquerda e oposicionista à gestão de Jair Bolsonaro. Segundo, o fato de ser mulher e assim, aumentar o quadro de representantes do sexo feminino em cargos da alta cúpula. Terceiro, como ex-atleta, ter uma afinidade com a classe esportiva – ninguém melhor para entender as necessidades dos atletas do que uma ex-atleta que já passou por todas as fases até chegar ao nível de alto rendimento.
Em nove meses de gestão, Ana Moser foi na contramão da política ao não se envolver nos embates. Estava confiante que sua representatividade era suficiente para mantê-la no cargo, tanto que não teve oportunidade de nomear mais pessoas de sua confiança nos cargos mais próximos. Durante este tempo, Moser pouco fez pelo esporte, dando a entender que para os atletas foi uma oportunidade perdida para que efetivamente, um atleta buscasse como membro do governo, mais apoio e incentivo à classe esportiva.
Sem entrosamento político, restava à Ministra a capacidade técnica, que foi posta à prova após a sanção presidencial à famigerada Lei Geral do Esporte. Tendo como relatora a senadora Leila do Vôlei, a LGE tem a dura missão de normalizar a relação da classe esportiva com seus gestores, substituindo Leis antigas como a Lei do Passe, Estatuto do Torcedor, Lei Pelé entre outras. A discussão foi longa, e mesmo desagradando atletas e dirigentes, A Lei Geral do Esporte foi aprovada no Congresso e enviada à sanção presidencial. O Presidente Lula vetou poucos artigos da Lei (até hoje não há esclarecimentos sobre quais), e exigiu que o Ministério do Esporte esclarecesse algumas “pontas soltas”, de como iriam funcionar os procedimentos com a mudança para atender à nova Lei. O prazo dado foi até a última segunda-feira (4), e o Ministério não se pronunciou, deixando um “limbo” administrativo.
Exatamente neste momento, partidos de centro pediam mais apoio do presidente a fim de manter a fidelidade partidária para projetos estratégicos do governo. Tendo como principal porta-voz o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, Lula então decidiu demitir Ana Moser e indicar o Deputado Federal André Fufuca (PP-MA), que entende tanto de esporte quanto de engenharia espacial. Ana Moser caiu atirando, dizendo que a sua saída combinada com a chegada do Deputado ao cargo significa um “abandono do esporte”, em entrevista à CNN. Lula ainda tentou contornar o problema, com uma suposta oferta de um cargo menor de autoridade olímpica, mas Moser disse publicamente que recusaria e preferia continuar lutando pelo esporte mesmo sem cargo no governo.
Fufuca irá encontrar no Ministério do Esporte vários correligionários do chamado “Centrão”, ala ideológica dos partidos de centro. Se a governabilidade está mantida, resta saber o que esperar o Deputado André Fufuca à frente do Ministério do Esporte. Apesar da troca ter sido estritamente de cunho político, há esperanças de que membros ligados ao esporte e ligados ao Centrão o auxiliem na pasta. Entre eles está o atual Secretário de Esportes do DF, Júlio César. Licenciado do cargo de Deputado Federal, o político ligado ao Partido Republicanos (PR) também faz parte do bloco ideológico, o que pode gerar uma aproximação entre ambos.
Com pouco tempo à frente da Secretaria de Esportes do DF, Júlio César já tirou do papel vários projetos que andavam abandonados no GDF. Além de destravar a reforma do estádio Bezerrão no Gama e a do estádio Rorizão em Samambaia, estudos em andamento prometem reabrir o Augustinho Lima (Sobradinho) e o Adonir Guimarães (Planaltina) Autor de programas de incentivo ao Esporte como o Compete Brasília e o Bolsa Atleta, Júlio César esteve também recentemente envolvido na aprovação na Lei de Incentivo ao Esporte do DF promulgada pelo GDF em Julho, a fim de promover projetos sociais, eventos e campeonatos amadores.
Não é uma certeza, mas a tendência é que o Ministério do Esporte invista mais recursos no Distrito Federal em caso de uma boa interlocução entre o novo Ministro e o atual Secretário de Esportes. Ambos possuem muito a ganhar em caso dessa cooperação, e o Distrito Federal também. É esperar para ver.
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