O primeiro semestre do Paranoá foi para ser esquecido. Depois de conquistar o acesso de forma invicta em 2019, a Cobra Sucuri encarou a dura realidade na primeira divisão e o rendimento foi muito abaixo do esperado. Ao final da primeira fase, o time acabou sendo rebaixado de volta à divisão de acesso com apenas um ponto conquistado e na lanterna da competição.

A má campanha do time não esmoreceu as pretensões do presidente Ryvo Matias. Ciente que as dificuldades financeiras foram preponderantes durante o período na elite, o dirigente isentou o treinador Vandinho Silva e confirmou que este permanece no comando do time. Falando ao DF+ o técnico Vandinho Silva fez um balanço da campanha do time: “Essa campanha que nós realizamos na primeira divisão não condiz com a nossa capacidade, tanto minha quanto do Ryvo (Matias). Mas você é sabedor das dificuldades que nós passamos, foi o fator predominante para que nós não tivéssemos conseguido obter o sucesso ao qual gostaríamos. Mas isso não serve de desculpa, tivemos falhas nossas também. Apesar da campanha que nós fizemos, trabalhamos muito para montar um elenco que tivesse condições de disputar o campeonato, de maneira correta para que pelo menos pudéssemos permanecer na primeira divisão. Mas a questão financeira pesou demais, as escolhas que foram feitas não deram certo, apostei em alguns garotos que deixaram a desejar. Isso foi também consequência da falta de estrutura, quando a gente teve algum recurso, conseguimos fazer um bom trabalho que nem ano passado. Alguns disseram que tivemos sorte, mas um time que conquista o título (da segunda divisão) de forma invicta, com a defesa menos vazada e com o artilheiro do campeonato, os números por si só já falam” explica.

No início da temporada, havia a expectativa de o Paranoá fazer uma parceria com a prefeitura de Paracatu, o que daria fôlego financeiro para a primeira divisão. Mas setores da cidade não aceitaram e a parceria não se concretizou, deixando o clube de mãos vazias: “O fato de a parceria com o Paracatu não ter dado certo nesse ano por causa das pressões externas fizeram com que o trabalho não pudesse ser feito como planejado, lá teríamos condições financeiras para montar um bom elenco e tenho certeza de que a história seria muito diferente. Mas isso não me envergonha de maneira nenhuma, porque o presidente é um cara de palavra, um cara muito correto. Eu falei e acertei que independente do que acontecesse nós ficaríamos juntos até o final e foi isso que aconteceu. Terminamos o campeonato de forma digna, apesar das derrotas que foram muito dolorosas. Mas por outro lado, ficou um aprendizado muito grande para que a gente pudesse criar “cicatrizes” sobre essas feridas e poder ressurgir mais forte e recolocar o Paranoá na primeira divisão no ano que vem. Apesar de tudo, terminamos o campeonato sem nenhuma dívida trabalhista, os atletas nenhum ficou sem receber, todos terminaram de cabeça erguida. Mas ficou aquele gostinho de que poderíamos ter feito melhor” disse.

Coronavirus

As atividades de futebol ainda sofrem com a pandemia do Coronavirus. Sem perspectiva para o futuro, dirigentes e atletas ainda contabilizam os prejuízos com a interrupção dos campeonatos. Apesar disso, Vandinho Silva está convencido de que a pauda é mais do que necessária, ainda mais depois de encarar o problema na própria família: “Essa questão do Coronavirus, dessa pandemia é preocupante para nós que trabalhamos na rua em contato com as pessoas. Isso fez com que a gente adotasse essa medida de segurança que é ficar em casa. Eu estou há mais de vinte dias em casa com a minha família e é uma coisa que muitas pessoas ainda não se conscientizaram de que realmente é perigoso, é um virus mortal. E eu posso falar como prova viva disso porque perdi há poucos dias uma tia minha que morreu graças às consequências de ter pego esse virus. É uma questão muito dolorosa, muito triste fazer o sepultamento como foi feito (vítimas do Coronavirus são sepultados com caixão fechado, sem que o corpo seja velado e tampouco com presença de amigos ou familiares). Minha tia tinha apenas 61 anos de idade, saudável, tinha uma vida muito ativa e em apenas cinco dias depois de infectada, faleceu. É um virus muito perigoso e mortal. Então as pessoas têm que se conscientizar isso vai passar, mas pra isso temos que nos unir e saber que o isolamento social é muito importante para que tenhamos menos pessoas contaminadas, e que a gente possa passar por essa fase de maneira unida. O nosso futebol está fazendo falta, mas infelizmente é uma fase pela qual precisamos passar. Só assim a gente vai conseguir retornar à nossa vida, retornar às nossas atividades como ver nosso futebol nos estádios para fazerem o que mais gostam, e no meu caso, colocar o apito no pescoço e poder treinar com essa rapaziada” afirmou.

Com relação ao futuro, o treinador da Sucuri afirmou estar aproveitando o tempo livre para se aperfeiçoar. O Paranoá ainda tem pela frente os campeonatos Infantil, Juvenil, Juniores e Feminino para esta temporada: “Esse candangão desse ano me deu um grande aprendizado, me mostrou que eu tenho que melhorar em alguns pontos como treinador, porque a vida é um aprendizado, a gente nunca sabe o suficiente, né? Eu tenho essa consciência, em muitos pontos eu errei, algumas escolhas que eu fiz não deram certo e graças à esse isolamento estou aproveitando para me aperfeiçoar. Estou estudando muito através de cursos on-line que estão sendo muito importantes para o meu crescimento profissional. Acredito que no meu próximo trabalho as pessoas verão que eu estudei e me preparei mais e serei ainda mais capaz de fazer melhor do que foi feito. Estarei à frente do Paranoá independente do que aconteça. Lógico que se acontecer uma coisa grandiosa, eu já tenho esse apoio do Ryvo, que o que for melhor pra mim será o melhor para ele também. Mas estarei mais preparado para os próximos desafios no futuro”.

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