Por Everson Cordeiro
Foto: Brito Júnior/UniCeub
Dez anos depois de conquistar pela primeira vez o título do Campeonato Brasileiro de Basquete, a capital federal ficará sem representante na elite da modalidade em âmbito nacional. Problemas de gestão do detentor da vaga do Distrito Federal na Liga Nacional de Basquete (NBB), crise financeira e falta de patrocinadores, determinaram o pedido de licença do Instituto Viver Esporte (IVE), representado pelo UniCeub/Brasília, deixando o basquetebol da capital, tetracampeão nacional, fora da disputa este ano.
Para retornar à disputa do NBB, o IVE, dono da vaga candanga na competição, terá que pagar dívidas atrasadas com jogadores e com o aluguel do ginásio das ASCEB, que juntas somam mais de R$ 1 milhão.
Além disso, terá que montar uma nova equipe competitiva para disputar e ganhar a Liga Ouro de 2018, competição de acesso ao NBB, para depois buscar patrocinadores que assegurem o montante de R$ 1,5 milhão necessários como garantia para arcar com os custos da temporada em 2019.
Não bastassem todos esses problemas para resolver, o Brasília ainda terá um concorrente local em 2018 que já tem vaga assegurada na Liga Ouro. Trata-se do Cerrado Basquete, Campeão da Copa Centro Oeste e campeão dos Jogos Abertos de Brasília, título que garantiu a vaga na divisão de acesso.
Atento aos problemas no IVE e aos objetivos do Cerrado Basquete, José Carlos Vidal, técnico campeão de tudo basquetebol do DF decidiu criar o IBE, Instituto Brasília Esporte, com planos detalhados para montar um time e também disputar a Liga Ouro, a partir de fevereiro de 2018.
Com a possibilidade de ter mais de uma equipe na disputa da Liga Ouro, a pergunta que não quer calar é, se neste instante, o melhor mesmo seria juntar as forças do basquete brasiliense, ao invés de dividi-las? A resposta é bem óbvia e que seja obtida com diálogo entre as partes.
Diante deste cenário, que sirva de lição. A derrota do basquete da capital poderia ter sido evitada, caso houvesse um verdadeiro trabalho de gestão esportiva profissional capaz de revelar mais jogadores das categorias de base, também de captar mais patrocinadores da iniciativa privada, dispostos a investir no esporte brasiliense com um trabalho de marketing eficiente para trazer retorno a todos os envolvidos.
Nos últimos 17 anos, o basquetebol do DF esteve na elite nacional e internacional graças, principalmente aos patrocínios da Universidades Salgado de Oliveira (Universo) e do Uniceub/BRB , parcerias que garantiram 4 títulos nacionais, 4 continentais, 11 regionais, conquistando o coração dos fãs de esporte da capital do país, que agora irão sofrer com a ausência de sua equipe nas quadras do Brasil e das Américas.
Por isso tudo, que também sirva de lição para os dirigentes imediatistas. Pois um projeto consistente e duradouro de consolidação da cultura esportiva de uma cidade dever ser planejado e revisado a curto, médio e longo prazo, para não ser interrompido de maneira alguma ao longo dos anos.
Por fim, que esse modelo de gestão das equipes esportivas da capital tão absurdamente dependentes dos órgãos do Governo do Distrito Federal, seja modificado com uma inteligente estratégia de marketing esportivo por parte dos dirigentes, e a criação de uma Lei de Incentivo Distrital ao esporte com isenção de impostos, capazes de atrair empresas a investirem no potencial revelador e vitorioso do esporte brasiliense.
Everson Cordeiro é Jornalista especializado em esportes desde 2000 e pós-graduado em Gestão do Esporte pela Unisul, Universidade do Sul de Santa Catarina.