Recentemente o Gama anunciou em diversos meios de comunicação que aderiu ao modelo SAF – Sociedade Anônima do Futebol, modalidade implementada por força de lei que permite aos clubes ter uma alternativa para equacionar suas dívidas e melhorarem seus modelos de gestão e governança. É a mais nova “queridinha” dos clubes de futebol que se encontram endividados e já ganhou adeptos como Figueirense-SC, Cruzeiro-MG, Botafogo-RJ, Chapecoense-SC, Cuiabá-MT e muitos outros.
O DF Sports+ conversou com Leonardo Scheinkman, empresário que mora em Miami-USA e que fez a “ponte” para que o clube passasse de Sociedade Esportiva para SAF. O modelo adotado pelo Periquito prevê que toda a atividade de futebol (Profissional, Base e Feminino) passe a ser gerido pela nova empresa: “O clube associativo continua (presidente, vices, conselhos) permanece nos mesmos moldes anteriores, e ela segue responsável por outros esportes e pelo patrimônio” explicou.
A adoção do SAF para os clubes oferecem duas grandes vantagens: a primeira, é que para os novos clubes-empresa a tributação é única e cobrada de acordo com os ganhos nos primeiros cinco anos (5%), substituindo impostos mais altos como IRPJ, PIS/PASEP, COFINS e Contribuição Sobre Lucro Líquido. A lei também permite que cada SAF tenha seis anos (prorrogáveis por mais quatro) para pagar todas as suas dívidas cíveis e trabalhistas. Caso as dívidas não sejam pagas durante este prazo, elas retornam para a SAF.
A Lei determina que a SAF repasse 20% de sua receita à associação esportiva para abatimento das dívidas seguindo o Regime Centralizado de Execução, que é onde o clube define o plano de pagamento “Demoramos de três a quatro meses para fazer as diligências e nem as pessoas do clube sabiam qual o valor da dívida do Gama” afirmou.
FUTURO E FUTEBOL
O objetivo inicial da nova empresa agora é estruturar o clube de forma a tornar a gestão profissional. E a tomada de decisões passa a ser da empresa, e não da atual Diretoria do Gama: “A SAF possui um Conselho Administrativo e um Conselho Fiscal, e representantes da associação terão cadeiras nesses Conselhos. Vamos contratar um CEO agora que já está montada a SAF. Daí vamos contratar pessoas para o Departamento Comercial, Marketing, Comunicação, normal para trabalhar a imagem da empresa. O CEO não vai mexer com futebol, a decisão caberá ao Departamento de Futebol e ao Executivo de Futebol”.
EMPRESAS E TORCIDA
Seguindo um modelo de negócios, a ideia a partir deste momento é dar sustentabilidade financeira ao projeto. E as buscas por patrocinadores está em andamento: “Estamos conversando com o BRB e com outras empresas com o objetivo de que elas façam um aporte financeiro para que possamos colocar a casa em ordem. Tem muita coisa a ser feita. A primeira delas e negociar as dívidas com os credores. Nos últimos dois anos, por causa da pandemia, os torcedores e patrocinadores abandonaram o clube e deixou o clube em uma situação muito complicada. Vamos criar produtos e programa de sócio-torcedor para que a torcida possa apoiar mais uma vez o clube com benefícios que sejam interessantes. Já trouxemos de volta a parceria com a Super Bolla e muitas outras parcerias estão sendo negociadas. O importante e trazer de volta a torcida ao estádio e ao mesmo tempo poder ter orgulho de ser Gamão.
TOKEN e APP
As mudanças também atingiram em cheio os atuais sócios-torcedores. O modelo atual será descontinuado para dar lugar a outro mais inovador, como o lançamento de criptomoeda própria – Gama Utility Token (GAMAO), que poderá ser utilizada para troca por bens e serviços mundialmente. Tendo como administrador único a Binance Smart Chain, as transações ocorrem entre os usuários diretamente. Cada uma delas será verificada no uso de criptografia e registradas em um livro-razão público chamado blockchain “Existe um projeto e o Token faz parte deste projeto. Também vai ser uma fonte de receitas, mas ao mesmo tempo é uma forma de digitalizar todos os processos do clube. Como tudo será digitalizado, você tem controle sobre gastos e receitas em tempo real”.
A modernização também está prevista na forma como os torcedores irão se relacionar com o clube. A ideia é a criação de um aplicativo para celular onde o sócio terá à disposição todos os serviços oferecidos pelo clube: “A gente vai criar um “superapp”, a ideia era fazer nos mesmos moldes que o BRB onde o torcedor abre a conta e já se torna automaticamente um sócio torcedor. A mesma empresa que fez o aplicativo do Atlético-MG, Athletico-PR irá fazer para a gente e lá o torcedor poderá ter notícias, compra de produtos, ingressos e a carteira virtual”.
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