Sócio-torcedor: Capital comemora adesão em programa pouco explorado no DF

Foto: Gustavo Roquete

O Capital Clube de Futebol comemora nesta sexta-feira (7) mais um ano de existência. O clube chegou a 18 anos, mas as comemorações do Coruja vão além do aniverário. Na quinta (6), o time divulgou nas suas redes sociais a marca de 200 associados ao seu programa de sócio-torcedor, o maior dentre as equipes do Distrito Federal.

O sócio-torcedor é uma realidade nos grandes clubes do Brasil e do mundo. Por meio dele, torcedores pagam uma assinatura mensal e recebem benefícios que vão desde a preferência na compra de ingressos a brindes, participação em sorteios e eventos, entre outros. No DF, a prática ainda não possui muitos times adeptos, nem entre as equipes, tampouco entre amantes do esporte.

Além do Capital, Gama e Minas Brasília adotaram a iniciativa recentemente, mas tiveram seus programas interrompidos. Os demais clubes do DF não possuem um programa de sócio-torcedor, nem mesmo Ceilândia e Brasiliense, representantes locais na Série D do Brasileirão, e o Real Brasília, atual campeão candango masculino e único da capital federal na elite do futebol feminino nacional.

CAPITAL

Fundado em 2005, o Capital está sob a gestão da atual diretoria desde 2019. As oscilações frequentes entre as divisões do futebol local deram lugar a campanhas consistentes, incluindo a participação na fase semifinal do Candangão nos últimos dois anos. “Começamos um projeto audacioso, visionário, mas possível. O Capital vai conquistar títulos, vai ganhar projeção nacional e vai representar o Distrito Federal para o Brasil inteiro”, garante o presidente do clube, Godofredo Gonçalves.

Os resultados em campo já vêm trazendo frutos ao time, como os mais de 200 associados em pouco mais de dois meses desde o lançamento. “Para a gente é fundamental ter o sócio-torcedor, porque ele representa uma receita corrente para o clube, o que permite a gente fazer planejamento de longo prazo. Principalmente porque, no caso do sócio-torcedor, a gente investe todo o valor no Centro de Formação de Atleta (CFA). Então, dá para a gente programar todas as nossas categorias de base”, afirmou Godofredo.

O presidente no entanto, destaca que a importância do vai além dos valores recebidos. “Além disso, o fato de a comunidade estar abraçando o clube, além da questão financeira, você tem o reconhecimento, que é o morador da cidade estar se identificando com o Capital, tanto que aceita ser sócio-torcedor, ser um contribuinte, e isso é excelente pra gente”, disse o dirigente.

Ter esses 200 sócios é algo excepcional, sensacional. Para muita gente pode parecer pouco, mas para a gente é um número gigantesco. É um clube que estamos à frente desde 2019 e, depois de dois meses de lançamento do sócio-torcedor, você já ter 200 pessoas junto, apoiando e incentivando o projeto, isso é bom demais. Para a gente é uma felicidade imensa, principalmente por saber que o projeto está sendo reconhecido.
Godofredo Gonçalves

Segundo Godofredo, os benefícios são: “ingressos para os jogos em casa – cada sócio tem direito ao ingresso dele e mais três convidados-, sorteios exlusivos de uniformes, camisas e jaquetas, o sócio pode matricular um atleta no CFA, pode ser filho ou alguém que ele queira ajudar, que ainda recebem um kit com calção e camisa oficiais do Capital.” Interessados em aderir ao programa precisam somente acessar o site capitalcf.com.br, preencher os dados e pagar uma mensalidade de R$ 19,90 por mês.

“Já estamos na segunda etapa do sócio-torcedor, hoje já estamos em 204, e seguimos com o objetivo de ter 500 sócios nessa nova etapa. Então, vamos continuar incentivando e divulgando. Na sequência, uma meta bastante ousada que é, em um ano, chegar à casa dos mil sócios, o que vai dar um repercussão muito legal para a gente,” afirmou Godofredo que também já pensa na presença da torcida no estádio JK. “Nosso estádio tem capacidade para 8 mil pessoas, se tivermos mil sócios, já equivale a metade do estádio ocupado, considerando cada sócio com mais três convidados. Isso para a gente é muito bom, tanto em relação a apoio nos jogos quanto em crescimento do Capital”, finalizou.

GAMA

Segundo o presidente da Sociedade Esportiva do Gama, Wendel Lopes, o projeto de sócio-torcedor do clube já teve mais de 1500 associados. Porém, de acordo com o dirigente, “as gestões passadas negligenciaram o projeto”.

Atualmente, o programa de sócio-torcedor do Periquito está em fase de reformulação e será retomado no início de 2024, conforme informou Wendel.

A torcida do Gama é o maior patrimônio do clube e o projeto de sócio torcedor é de vital importância.
Wendel Lopes

MINAS BRASÍLIA

Outro clube que adotou o programa foi o Minas Brasília Futebol Feminino (MBFF). A equipe tricampeã do Candangão está atualmente na Série A2 do Brasileirão, mas esteve recentemente junto às principais equipes do país na primeira divisão.

Hoje o programa está inativo, mas na época, o time chegou a ter 40 sócios pagantes quando disputava a Série A1. “Foi o primeiro clube feminino que teve um projeto de sócio-torcedor dentro da modalidade,” afirmou a presidente Nayeri Albuquerque.

“A difulcadade é porque nós não somos um clube que tem uma ‘camisa masculina’ por trás, que tem algumas vantagens em relação a assistir jogos. Como nossos jogos são gratuitos, e a gente sempre coloca 1 quilo de alimento não-perecível (como ingresso), inclusive para ajudar instituições e associações, acaba que o sócio-torcedor não tem tantos benefícios”, afirmou Nayeri que completou dizendo que “a gente tem dificuldade de encontrar parceiros aqui no DF para participar do nosso programa de sócio-torcedor.”

Então, acho que é mais essa questão estrutural do futebol feminino, a falta de apoio, a falta de credibilidade em relação à modalidade. Agora pode ser que melhore um pouco, porque o futebol feminino está em uma grande ascenção.
Nayeri Albuquerque

“Para a gente conseguir alcançar um público maior, um público que realmente gosta do futebol, nós temos que dar a contrapartida, e como nós não temos muitos jogos aqui em Brasília, não tem muito público, o (povo) brasiliense não tem muito o costume de ir para o estádio assistir grandes jogos, então acaba que a gente perde sócios por essa questão”, pontuou Nayeri ao abordar os obstáculos para a implantação do programa.

Foto: Adriano Fontes/Minas Brasília

Apesar das dificulades, a presidente afirma que o projeto segue em pauta no clube. “O MBFF tem plataforma própria de sócio-torcedor e a gente pretende, sim, retomar. Só não retomamos ainda porque estávamos buscando novas estratégias para isso, estamos trabalhando em cima disso. Mas, assim que nós findarmos, vamos voltar, porque é de suma importância para a gente continuar, não só ajudando o clube como um todo, mas principalmente nossas categorias de base,” disse a presidente do time.

Nossos sócios sempre foram pessoas mais próximas e os valores são super acessíveis. Vamos trabalhar em cima disso para a gente conquistar o torcedor e fazer com que esse programa seja um programa que ajude na sustentabilidade do clube.
Nayeri Albuquerque

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