Paulo Saraiva, de apenas 21 anos, é um tenista profissional ATP de Brasília, e foi convocado para partipar do Stade Roland Garros, na França. O torneio acontece em maio, e é dividido em cinco partidas individuais e duas em duplas. Se uma equipe vencer ambas as partidas em dupla, recebe um ponto de bônus.

As principais partidas acontecerão apenas em julho, já no segundo semestre, e o brasiliense afirmou estar animado para competir junto com o clube Bussy-Saint-Georges. Ao DFSports+, Paulo falou sobre o projeto PROFESP (Programa Forças no Esporte). “Foi amor à primeira vista”, afirma.

Histórico

A sua história no tênis começou em um torneio naval, quando conquistou a sua primeira vitória. “Toda vez que eu estou em Brasília eles disponibilizam quadra para que eu possa treinar, então foi um local perfeito para a minha primeira vitória”.

Paulo ainda contou sobre outra experiência gratificante, de quando jogou na Bolívia. A vitória não veio devido à uma desistência por falta de verba, mas o tenista conseguiu ajustar a sua rotina para jogos futuros. “A Bolívia foi a minha primeira competição internacional, não foi um resultado que eu gostei, mas foi uma baita experiência. Com esse duelo, eu pude ajustar a minha rotina para uma melhor evolução no futuro”, completou.

Em 2017, ganhou torneios de simples e duplas, sendo o número 1 no Brasil até os 16 anos. Na categoria 18, conquistou títulos sul-americanos. Com o histórico dele, a convocação para a França não é uma surpresa. Ele participou de 14 torneios em 2019, e foi aí que conseguiu a classificação para o interclube no ano seguinte. Desse modo, conseguiu uma brecha e apoio do clube Francês.

Dessa maneira, outro êxito de sua vida foi treinar no Rio Open neste ano. “Um dos caras com quem treinei foi Carlos Alcaraz, campeão do Rio Open. Ele foi o mais jovem da história a ganhar um ATP 500, e agora está na final do Master 1000 de Indian Wells”.

Foto: arquivo pessoal

PROFESP

O desportista começou no tênis através de um programa social com apenas 9 anos de idade. O projeto é desenvolvido pelo Ministério da Defesa em parceria com o Ministério do Esporte, para contribuir com a nação brasileira no desenvolvimento social.

Entrei no projeto porque minha mãe já não conseguia pagar uma creche. Para eu e a minha irmã não ficarmos em casa sozinhos, surgiu a oportunidade de fazer parte desse projeto no Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília. Lá tem vários esportes.

Paulo Saraiva

Foi dessa forma em que o tênis entrou na vida do atleta. “O professor Chico e o Carlão me motivaram muito, disseram que eu levava jeito. Ali surgiu o interesse em jogar, e com isso, participei meu primeiro torneio no clube naval”, finalizou Paulo.

Apesar de ter tido uma infância difícil, com mãe diarista e pai pedreiro que lutavam pala levar dinheiro para casa, sem muito sucesso, o tenista afirmou que tem o sonho de ser Top-10, mostrando que é possível chegar onde quiser, desde que com muita luta.

Falta de apoio

Pela falta de apoio financeiro e patrocínio, Paulo perdeu várias oportunidades para jogar em disputas com pontuações na ATP e, por esse fato, atualmente ocupa apenas a 1975ª colocação no ranking atual. Seu objetivo com os torneios na Europa, além de ganhar experiência, é ter a oportunidade de subir no ranking.

O jovem conta com a ajuda de algumas marcas, mas não é algo fixo. Dentre elas estão algumas marcas de roupa, suplementos e também a ajuda de seus amigos e apoiadores.

Paulo chegou a contar com a Bolsa Atleta em 2017, mas acabou perdendo o benefício no início deste ano, mesmo se encaixando em todos os pré-requisitos técnicos e econômicos. Então, o atleta resolveu criar uma “vaquinha” com o objetivo de compensar essa perda de R$ 458 mensais e o ajudar a ir competir na França.

“Eu dou 100% de mim todos os dias, e com isso, meu esforço e minha força de vontade fizeram meus trilhos seguirem para a carreira internacional”, afirmou o tenista. O plano para as competições dura três meses, com jogos em dupla todos os domingos.

Porém, sem o apoio no Brasil e com a perda da bolsa, Paulo terá que contar com uma ajuda do clube francês, que vai oferecer a hospedagem e alimentação durante todo o período. “Quando os atletas estão na base, é muito difícil o Brasil incentivar”, dissertou o atleta.

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