Citado diretamente pelo empresário que tinha interesse em realizar parceria com o Gama, o Vice-Presidente do Gama Arilson Machado pediu a palavra para rebater a declaração dada ao DF Sports sobre o fracasso das negociações. À equipe de reportagem do site, o empresário referiu-se ao dirigente como um dos responsáveis pelo fim da negociata, dizendo que o Gama queria apenas o dinheiro da empresa, sem abrir mão das decisões finais no clube. Chegou a comparar a Diretoria do clube maior detentor de títulos locais como “amadora”.
Dois meses de negociações, muita troca de informações de ambos e esperança de que sairia ali uma parceira que ajudaria o Gama a lutar por títulos novamente não foram suficientes para a parceria acontecer. De um lado a empresa, na qualidade de investidora, queria carta branca para fazer tudo no clube relacionado ao futebol. Do outro, Diretores do clube queriam garantias financeiras e participação nas decisões. Nenhum dos dois cedeu e a parceria não ocorreu.
Segundo Arilson Machado, a forma como a empresa fez a proposta já alimentou desconfianças: “Eles queriam chegar aqui no Gama, quem iria contratar jogadores e comissão técnica era eles. Se por acaso um desses jogadores não desse certo, quem iria demitir eram eles. Tudo o que envolvesse a Diretoria de Futebol, a última palavra seria deles. Por duas vezes perguntamos: o quanto vocês iriam investir? Aí eles disseram que teriam jogadores e Comissão Técnica num projeto só deles. Na matéria ele falou em 500 mil reais. Falou também que os pagamentos seriam feitos pelo Fabiano (primo do empresário e que reside em Londrina). Como viriam jogadores e membros de comissão técnica e sem saber se eles estariam recebendo? A proposta era de fazer uma gestão compartilhada. Ou seja, não iria existir a Diretoria Executiva, e sim a empresa do Romualdo (Silva) da Inglaterra. Como você se sentiria confortável, numa pressão que estamos sofrendo hoje, tendo que ganhar um título ano que vem, porque a torcida está pressionando e com a razão. Jamais nós iríamos concordar com uma situação dessas” disse.
A Diretoria esperava que a empresa viesse para colaborar. Porém ficou surpresa por não divulgar quais seriam os profissionais que viriam vestir a camisa do alviverde na próxima temporada: “A gente precisa trazer profissionais para cá que a gente conheça, que a gente saiba do potencial deles. A gente não vai mais trazer qualquer profissional para cá sem a gente conhecer. Eu que sou do financeiro preciso saber o quanto eles vão investir, tenho que estar à par de toda a situação. E eles não aceitaram. Se eles trazem jogadores lá da quarta divisão de São Paulo? Quando ele esteve aqui (Fabiano) e nós sentamos eu, Weber e Luiz Henrique perguntamos qual seria o valor do investimento. Falei “Fabiano, aqui é assim: o dinheiro tem que vir na frente, nós já tivemos no passado casos semelhantes a esse e foi frustrado. Assinou o contrato hoje, coloca uma cláusula que 48 horas depois o dinheiro tem que estar na conta do clube. Se não estiver na conta, o contrato não tem validade.” relembra Arilson sobre a parceria frustrada do clube com a empresa GP Soccer em 2013.
O Vice Presidente do alviverde lamentou a forma como terminaram as negociações, inclusive com o empresário citando diretamente seu nome como um dos motivos para o fracasso. Mas enalteceu que a Diretoria tem compromisso com a Sociedade e com a torcida e não poderia acreditar em promessas: “Como o Gama vai fazer uma parceria com uma empresa sem saber quanto será investido por mês? Até pra comprar gasolina para o cortador de grama teria que passar pelo Fabiano. É como se saísse eu, Weber (Magalhães, presidente do clube), todo mundo para a empresa do Fabiano. Aí se desse errado, a cobrança viria em cima de quem? De mim, do Weber, do Wendell (Diretor Jurídico)…como vocês aceitaram uns caras desses aí? A empresa deve ter ficado chateada comigo porque a parte financeira é que cabe a mim. Sou responsável pela área e exigi garantias pelo receio do que aconteceu no passado, onde prometeram mundos e fundos e não cumpriam nada. Gato escaldado tem medo de água fria. Precisei resguardar os interesses do clube. Se a palavra final era deles, eles não iriam nos prestar qualquer esclarecimentos. O que nos deixou céticos com relação à essa parceria foi o fato de que a palavra final seria deles. Poderia opinar mas a decisão final seria deles” retrucou.
Por Marcelo Gonçalo