O jiu-jitsu é um esporte de origens japonesas, mas se consolidou no Brasil através da família Gracie. A arte marcial ganhou, ao longo de quase 80 anos, muitos adeptos e discípulos, principalmente no Rio de Janeiro, onde os irmãos Carlos e Hélio Gracie consolidaram o esporte. Em Brasília o esporte chegou no começo da década de 70, por conta do grande números de cariocas que chegaram a nova capital do Brasil. Os brasilienses se apaixonaram pelo esporte e daqui já foram exportados muitos atletas para o mundo a fora.
Quem gosta e acompanha a arte marcial em Brasília já ouviram falar do atleta Nielsen Nunes, mas conhecido por todos como “Grilo”. O multicampeão do esporte possui um currículo extenso de títulos ao longo de mais de 20 anos do jiu-jitsu, dos mais relantes Grilo é decacampeão brasiliense, campeão brasileiro pela Confederação Brasileira de Jiu-jitsu (CBJJ), terceiro colocado no mundial pela International Brazilian Jiu-jitsu ( IBJJ), campeão do NAGA evento americano da modalidade e dois bronzes no pan-americano disputado na Califórnia. Além de um cartel de oito vitórias em onze combates realizados no MMA ( Mixed Marts Artial).

O campeão brasiliense deixou um legado na capital federal. De alunos faixas pretas que ele graduou um chegou em grande cenário no mundo das lutas, Lúcio Curado que da faixa branca até a preta foi graduado por Nielsen Grilo é ex-campeão do maior evento de MMA da América Latina o Jungle Fight. Há cinco anos o lutador decidiu morar no Estados Unidos, atualmente mora em Atlanta cidade do estado da Geórgia. Ele decidiu embarcar nesse novo desafio em busca de valorização e crescimento no esporte. “Meu maior motivo de vir morar na America foi pelo suporte que o país oferece. Aqui desde cedo as crianças são inseridas no esporte faz parte da cultura do país”, conta Grilo.
VALORIZAÇÃO DO ESPORTE
Ele reconhece que no Brasil o único esporte quem tem a valorização adequada é o futebol. O faixa-preta tentou ficar em Brasília até o seu limite, mais sabia que as oportunidades abertas para o sonho de viver da luta eram mínimas, então decidiu ir: “Infelizmente o nosso país não tem nenhum incentivo e valorização do esporte. A corrupção é o grande vilão dessa história toda, os recursos que deveriam ser investidos na formação base do esporte é desviado nesse mecanismo que parece não ter fim” , disse o campeão.
Na visão do atleta o Brasil tem muitos talentos em qualquer esporte mas não tem prestígio nem apoio devido pelo governo. Isso é o principal motivo de muitos irem para a terra do Tio Sam, em busca de continuar vivendo do esporte. Muitos amigos do faixa-preta naturais de Brasília hoje também moram na América do norte, e todos tem o mesmo pensamento, segundo Nielsen Grilo, voltar para o Brasil na realidade que se encontra hoje é “só para visitar”. Porém o faixa-preta acredita que em breve o país vai melhorar e pode sim ter a possibilidade de voltar.
CHOQUE DE CULTURAS
A realidade do esporte nos Estados Unidos é extremamente diferente do Brasil. Não é a toa que em todas as olimpíadas eles estão sempre em primeiro lugar. O campeonato mundial de jiu-jitsu é realizado na Califórnia há quase 10 anos e os melhores e mais consagrados competidores moram no país. Ao contrario do país onde o jiu-jitsu foi aprimorado, os americanos levam o esporte a sério, com investimentos e valorização da arte marcial, os americanos estão colhendo os frutos e hoje já tem vários atletas que estão entre os melhores do esporte.
Nielsen se sente realizado em poder viver do que sempre sonhou e faz de melhor “É uma grande satisfação viver como atleta aqui é grande satisfação
pessoal. Aqui eu posso viver bem, ter um carro bom, desfrutar de uma qualidade de vida que no Brasil seria inviável”, disse o atleta. Para Grilo os atletas que vivem da luta no Brasil dando aulas, tirando dinheiro do próprio bolso para as competições e cuidando das lesões que o esporte em si traz são verdadeiros guerreiros, “É muito difícil viver do jiu-jitsu no Brasil, vi muitos amigos que não conseguiram viver do esporte. Muitos deixaram o
kimono de lado e foram em busca de uma estabilidade financeira e um futuro melhor, passaram em concursos públicos, abriram empresas, a grande maioria foi estudar. Quem vive do jiu-jitsu no Brasil é porque tem uma grande paixão pela arte suave”, ressaltou o campeão.
PLANOS PARA O FUTURO
A expectativa do casca-grossa para o futuro do esporte e a continuação do legado e o crescimento da arte marcial. De acordo com o faixa-preta da equipe Gracie Barra a arte marcial vai avançar cada vez mais, “Meu sonho é que o nosso esporte chega ainda mais alto, acredito que o jiu-jitsu hoje está conhecido em praticamente o mundo inteiro. Não só eu mas como todos os praticantes é que jiu-jitsu vire um esporte olímpico”.
Grilo espera continuar trabalhando duro na consolidação do esporte. Ele pretende ter sua própria escola de lutas e manter sempre a visão da sua equipe que tem o lema “jiu-jitsu para todos”. Além de continuar fazendo o que mais ama que é lutar “ Tudo que eu tenho eu devo primeiramente a Deus, minha família e o jiu-jitsu. O esporte salvou a minha vida, pretendo continuar lutando até o meu corpo não aguentar mais, tenho os dois joelhos operados e mesmo assim amo sentir a adrenalina das competições. Sou de Brasília tenho a garra e a disposição dos atletas daquela cidade, está no sangue”, concluiu o faixa preta.
Por Michael Nunes