Como tudo na vida, o futebol também se modernizou, por mais que muitos hoje em dia ainda lutem contra isso e defendam a bandeira do futebol “raiz”. O que não se pode negar é que a tecnologia chegou para ficar dentro do esporte mais popular do Mundo. Desde os famigerados árbitros de vídeo, que estão em qualquer rodinha de debate, até pessoas que gostam de ficar no lugar mais alto do estádio, com uma câmera, um computador e fazendo várias observações.
Espiões? Não. Estamos falando dos Analistas de Desempenho, função relativamente nova dentro do futebol e que tem ganhado cada vez mais importância dentro do jogo. O Analista de Desempenho tem como principal função observar a sua própria equipe, o adversário e atletas que podem vir a serem contratados pelo clube. Tudo isso com a ajuda de softwares e muito estudo.
O Pioneiro
Se a função é nova em âmbito mundial, no Distrito Federal então começou a pouquíssimo tempo. E o precursor disso tudo foi Gabriel Magalhães, hoje analista do time principal do Corinthians-SP. Em conversa com a equipe do DF Sports, Gabriel falou um pouco sobre sua história e também sobre a função. “Venho de uma família ligada ao futebol. Sempre fui um fã do futebol de Brasília. A paixão foi aumentando até o dia em que minha filha nasceu. Aí eu decidi que deveria tentar algo que fosse bom financeiramente e que eu gostasse”, conta.
“Um dia, conversando em casa, resolvi ser treinador de futebol e comecei a correr atrás disso. Fiz cursos, me formei em educação física e conheci muita gente bacana e que foi longe no meio. Nesse meio tempo, passei por vários clubes em Brasília e trabalhei com muita gente boa. Em 2015 conheci a análise de desempenho em um curso na CBF e vi que aquilo era tudo o que eu já fazia (do meu jeito) como auxiliar nos clubes por onde passei. Vi que era um mundo novo e comecei a estudar sobre isso. Comecei a atuar como analista no Gama e, no fim de 2016, através das amizades que fiz, surgiu um convite do Rodrigo Leitão de vir para o Corinthians. Comecei na base, cresci aqui dentro, e hoje cheguei no time principal”, relata orgulhoso Gabriel.
O jovem
Tentando seguir os passos dele, Brasília conta também com seus jovens analistas desempenhos espalhados por alguns clubes. Um deles é Davih Rodrigues, que esteve no Gama nos últimos anos e agora irá analisar para o Taguatinga Esporte Clube. Davih começou a trabalhar no futebol pelo time da Universidade de Brasília (UnB), onde era auxiliar técnico. Em 2016, o jovem auxiliar resolveu se aventurar no futebol profissional. “Quando fui para o profissional, fiz parte da comissão técnica da Sociedade Esportiva Planaltina na Primeira Divisão. Comecei como terceiro auxiliar e fui subindo, já que o time teve sete técnicos diferentes naquele campeonato. Depois fui para o Botafogo-DF, na Segunda Divisão e nós quase subimos. Faltou pouco”, revelou.
Depois dos “insucessos” no início de sua caminhada, Davih deu uma “pausa” nos trabalhos e seguiu rumo ao Santos Futebol Clube, onde estagiou com o treinador Marcos Soares na equipe de juniores. “O Marcos, em uma de nossas conversas, me disse que lá no sub-20 do Santos não tinha analista de desempenho, falou que era uma coisa nova e eu resolvi experimentar e fazer cursos quando voltei pra Brasília. Quando concluí meus cursos, o Marcos me pediu para entrar em contato com o Gabriel Magalhães, então analista do Gama. Foi bem quando ele saiu para ir para o Corinthians. Daí ele me indicou pro pessoal lá, e eu fui contratado” lembra. Após dois anos frente ao Gama, Davih irá tentar ajudar o Taguatinga Esporte Clube na Segunda Divisão deste ano, em busca do acesso e também de seu primeiro título profissional.
O “papa-títulos”
Outro jovem analista que vem ganhando espaço no futebol local é Luca Lameira. Assim como Davih, ele ainda não tem muito tempo de carreira, mas já coleciona dois títulos de peso: campeão Candango em 2018 pelo profissional do Sobradinho e de juniores pelo Ceilândia. Aos 30 anos de idade, Luca passou os últimos 10 como preparador físico em Brasília. No fim de 2017, resolveu estudar análise de desempenho e procurou o técnico do Sobradinho, Victor Santana, com a proposta de colocar em prática a A. D. no Leão da Serra. “O trabalho já havia começado, mas fui muito bem recebido e rapidamente me integraram à comissão técnica. Conseguimos desenvolver um bom trabalho conjunto e acabamos com o título”. Após o campeonato, Gleyton Ariane, do sub-20 do Ceilândia, procurou Luca e mais uma vez o trabalho foi vencedor. Em apenas um ano de carreira, o profissional já acumula dois triunfos importantes.
O próximo passo
Tanto Gabriel, quanto Davih e Luca, desejam um dia voltar ou estar novamente dentro do campo. O projeto deles é, após adquirir experiência, conhecimento e títulos com a análise de desempenho, migrar para funções mais próximas dos jogadores, como auxiliar técnico e até mesmo como treinadores. A parte tática, tão fundamental nos dias de hoje, já é quase que dominada por eles. A vivência dento dos clubes pode suprir a falta de experiência de um ex-jogador, por exemplo. Quem sabe, em breve, o Distrito Federal não irá ganhar novos treinadores de futebol? Jair Ventura, ex-analista, está ai para mostrar que um analista pode se tornar um bom treinador.
Por Pedro Breganholi