Em um campo sintético da cidade do Gama, vários garotos com idade entre 17 e 19 anos se apresentam ao técnico Phillippi Coutinho para realizar mais um jogo. O time vai enfrentar o PVM, também do Gama, pelas quartas de final da Copa Novos Talentos, um campeonato alternativo administrado por terceiros que serve como uma “preliminar” do Campeonato Candango de Juniores. Nada mal para um projeto que começou a apenas seis meses atrás.
Fruto da união de dois projetos sociais do Gama (Estrelinha e Rio Verde), o CFA – Centro de Formação de Atletas, surgiu com o sonho de revelar jogadores para grandes clubes. Hoje são mais de trinta atletas. Cada um é responsável pelo seu material (tanto que o nome deles está escrito nas costas, tal qual na Champions League). Treinadores e Preparadores não recebem nada pelo que fazem. A principal fonte de renda do time são os “PAItrocinadores” que incentivam seus filhos a terem alguma atividade física fora da escola.
Quem explica como funciona o projeto é o Técnico Phillippi Coutinho: “Nosso projeto tem exatamente seis meses de vida. Já chegamos numa (fase de) quartas de final com atletas (nascidos em) 2000. Esse projeto foi iniciado com nosso amigo Nur Omar (Shehadeh, que cuida da administração do time), nosso amigo Luiz Carlos, e me convidaram para esse projeto com a molecada do Rio Verde, do Estrelinha do Sul e alguns garotos do Centro Olímpico. Fizemos essa junção e deu super certo. A garotada joga um futebol bastante alegre e proveitoso”.
Coutinho explicou que o começo foi bem difícil, mas aos poucos as pessoas envolvidas acabaram “comprando” a ideia: “Inicialmente foi na raça. Colocamos esse projeto para iniciar na força e na vontade, e a gente não tinha nem uma bola. E aí foi passando o tempo, a garotada abraçou o trabalho, e a gente conseguiu desenvolver durante a competição, algumas parcerias que deram certo e ajudaram a gente no uniforme. Lógico que a maioria dos incentivadores são os pais dos alunos. Mas a nossa ideia é realmente tirar essa molecada das drogas, trazer para dentro de campo que é onde eles se sentem mais confortáveis, e, quem sabe aí algum dia, eles subirem para o profissional. Eles têm idade pra isso. E futebol também”. Os rapazes treinam três vezes por semana no período da tarde no Campo Sintético do Alvorada, localizado no Parque Urbano do Setor Norte.
Phillippi esclarece que o primeiro objetivo é tirar os meninos do mau caminho, levando-os para os campos de futebol: “A ideia é essa, é o Social. Chegamos hoje nas quartas de final por merecimento dos atletas. Mas o nosso objetivo mesmo é o trabalho social. Rendimento, aí vamos esperar um dia que chegar alguém pra bancar o projeto, vamos trabalhar pelo rendimento. Até para dar para os garotos uma passagem de ônibus, um lanche, uma estrutura como profissional”.
O treinador do time sonha em colocar seus atletas no caminho do futebol profissional. E já possui várias propostas de dar continuidade ao projeto, como parcerias com clubes profissionais do DF: “O projeto do CFA veio com a ambição de encaixar esses garotos num rumo profissional. E eles terem uma carreira e assim ganharem dinheiro para sustentarem a família deles. E graças a Deus, fechamos uma parceria com o Santa Maria, fizemos um amistoso na última segunda-feira contra o Gama, eles também se interessaram por alguns garotos. O Real FC também…então certamente acabou essa competição, esse grupo estará bem encaminhado para o Campeonato (Candango) de Juniores”.
Dentro de campo, o time do treinador Phillippi Coutinho dominou o jogo, mas acabou perdendo a classificação para as semifinais para o rival PVM por 1×0. Mas isso não desanimou as pessoas que trabalham pelo projeto. Sabem que esse foi apenas o pequeno passo de uma longa caminhada. Quem quiser participar do projeto, pode entrar em contato com os responsáveis pelos números: 98363-2424/98449-5407/98607-2773 ou 98324-6325.