O Campeonato Candango da Segunda Divisão de 2018 começará neste sábado (11) já cercado de incertezas. Dentro de campo, as onze equipes que disputarão o acesso vêm cumprindo o seu papel, investindo nos seus elencos e trabalhando diariamente para colocar o time em campo. Mas, fora das quatro linhas, a apreensão entre os dirigentes é grande, tendo em vista a situação dos estádios.

O imbróglio já é antigo, mas com o passar do tempo a coisa foi se agravando. Embora não seja uma unanimidade, a maioria dos quinze estádios do Distrito Federal sofre com a falta de manutenção advinda do Governo. Nem mesmo o maior deles, o Estádio Nacional Mané Garrincha (foto), que recebeu mais de 55 mil torcedores no último jogo do Flamengo, escapa da triste realidade da falta de laudos para a prática do futebol profissional local.

O DF Sports conversou com alguns dirigentes para que estes tivessem a oportunidade de expor suas dificuldades em conseguir os estádios. Dentre os maiores problemas estão a burocracia e a falta de apoio por parte das autoridades. O primeiro dirigente a ser contactado foi Arilson Machado, atual vice-presidente financeiro do Gama, equipe com mais títulos no futebol local.

Ele destaca o descaso do GDF para resolver os problemas dos estádios. “Falta só vontade política, só isso. Os problemas lá (no Bezerrão) são fáceis de se resolver, basta uma canetada do governador para os Bombeiros, Polícia Militar e Novacap resolverem. Já andei conversando com o Deiverson (atual administrador do Bezerrão) e ele falou que, provavelmente este ano, será a mesma coisa. Não tem laudo. O governo não fez (reparos) e nem vai fazer. Aí vem um novo governador que terá que fazer a política da boa vizinhança, o cara fazer vista grossa. O Ministério Público (MP) já entrou no circuito, dizendo que não vai mais aceitar laudo eventual, mas na semana passada teve jogo no Mané Garrincha com laudo eventual. Como pode isso?” questionou Arilson.

O dirigente alviverde confirmou que precisou bancar reparos pontuais no estádio público para poder realizar os jogos do Gama no estádio Bezerrão. E rechaça a ideia de fazer parceria público privada para que o clube assuma o local. “O custo para manter o Bezerrão é muito alto e não temos condições para isto. Gastamos sete mil reais para reparos nas câmeras (exigência da PM), Hidrômetro, pára-raios, fazer um paliativo para pegar um laudo eventual. O Alexandre (Tota, ex-administrador) já me passou certa vez uma lista com o quarto pedido de reparos do estádio para a Secretaria de Esportes. Só que depois de protocolado o documento fica engavetado. Falta vontade política e não digo nem da Secretaria de Esportes, mas do Governo. A Secretaria de Esportes depende do Governo. Se eles pegassem um milhão de reais, resolveriam todos os problemas. São coisas baratas, dá para fazer. Eles colocam dificuldades para vender facilidades. Usam para fazer política”, lamentou.

Para cada jogo, a burocracia é a mesma: pagamento da taxa de uso do estádio, protocolar pedidos na Secretaria de Esportes, Administração Regional, Secretaria de Segurança Pública, Vara da Infância e da Juventude e ECAD. No caso do Mané Garrincha a lista aumenta para Defesa Civil, SLU, ANVISA e BRB. A taxa do Bezerrão custa R$ 600 reais, enquanto a do Mané Garrincha é cobrada uma porcentagem sobre o valor bruto do borderô. No Mané, jogos de fora, como o de Vasco x Corinthians, ocorrido na semana passada, a porcentagem é menor do que a praticada sobre os jogos de clubes do DF.

Amanhã publicaremos entrevista com Washington Borges, presidente do Sobradinho, para falar sobre os problemas do Augustinho Lima.

Por Marcelo Gonçalo

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