O “Memórias do Candangão” está de volta nesta semana e, desta vez, para falar sobre os “patrimônios” do nosso futebol. No segundo capítulo, falamos sobre os times mais novos e hoje traremos dos mais velhos ainda em atividade. Ao longo dos anos, o futebol do Distrito Federal já teve vários e vários clubes. Com o tempo, a maioria deles acabou fechando as portas por inúmeras razões diferentes, mas alguns ainda sobrevivem apesar das dificuldades.

Junte-se a nós e confira essa lista que, com certeza, vai te surpreender!

1 – Associação Atlética Luziânia

O Azulino foi fundado, pasme, em 1926, mais precisamente no dia 13 de dezembro daquele ano, sob o nome de Associação Atlética Luziana. Sim, LuziANA, e não LuziâNIA, como é hoje. Isso se deve pelo fato de a cidade ser denominada Santa Luzia, até 1945. O clube passou por algumas outras mudanças no nome e nas cores entre os anos 40 e 90, e se chamou Luziânia Esporte Clube e Luziânia Futebol Clube.

Em 1963, passou a fazer parte da Federação Brasiliense de Futebol por questões de logística, já que a cidade fica a 70km do centro de Brasília. Permaneceu nas competições candangas até 1981, quando dirigentes resolveram mudar o clube para a Federação Goiana. Só voltou ao DF no ano de 1995, durante a gestão de Weber Magalhães na então Federação Metropolitana de Futebol. Ao aceitar o convite, o Luziânia adotou novamente o azul e branco, suas cores originais e passou a usar a Igreja do Rosário, um dos símbolos da cidade, como mascote.

 

De lá para cá viveu muitos acessos e rebaixamentos, que perduraram até o início da atual década, quando o clube passou a ser vitorioso. Conquistou o Candangão em duas oportunidades (2014 e 2016) e também representou o DF no Campeonato Brasileiro da Série D, na Copa do Brasil e na Copa Verde.

2 – Clube de Regatas Guará

Fundado em janeiro de 1957, o Guará é um dos times mais tradicionais e importantes do futebol candango. Sediado na populosa cidade que carrega o mesmo nome, é o segundo com mais participações na história e o único que disputou a primeira edição do Candangão e que ainda está com as portas abertas. Campeão estadual em 1996, o clube vive atualmente momentos de dúvida e incerteza, já que a situação financeira não é boa.

A última vez que o Lobo Guará entrou em campo foi no ano de 2015, quando empresários da cidade tentaram reerguer o time. Ao final da Segunda Divisão daquele ano, os empresários decidiram criar o próprio clube (Guará Esporte Clube) e, com isso, retiraram o apoio. Atual presidente do clube, Fábio Simão segue participativo na Federação de Futebol do Distrito Federal, mas ainda não conseguiu encontrar formas de recolocar o time em campo. A ausência do estádio do Cave, fechado para reformas desde 2015, impede o time de jogar em casa, o que torna um possível retorno ainda mais complicado.

A última vez que o Guará jogou à Primeira Divisão foi em 2006, quando acabou rebaixado. Depois atingiu o fundo do poço, em 2008, caindo para a extinta Terceira Divisão local. Licenciado desde 2016, o Guará permanece no coração dos fãs do futebol candango e segue como um dos clubes mais importantes e amados pelos torcedores.

3 – Planaltina Esporte Clube          

O Planaltina-DF, como muitos o conhecem, surgiu no dia 30 de maio de 1963, na cidade de Planaltina, Distrito Federal. Mesmo fundado no início da década de 60, o clube só se profissionalizou em 1985, quando se juntou à extinta Federação Brasiliense de Futebol. Até então, disputava campeonatos apenas de forma amadora.

Apesar de tanta longevidade, o Galo Candango nunca conquistou nenhum título e sequer chegou perto disso. Sua melhor colocação foram quartas colocações, conquistadas nos anos de 91,93,95 e 97. Em 1998 acabou rebaixado e não conseguiu subir em 1999. Com isso, o clube se afastou de competições oficiais por mais de quinze anos, retornando ao Candangão apenas em 2015, com a ajuda de empresários da cidade.

No ano do retorno, novamente conquistou um quarto lugar, dessa vez na Segunda Divisão, o que não foi suficiente para que a equipe subisse. Em 2016 e em 2017, o Galo entrou em campo apenas para participar da “Segundinha”. Sem investimento e apoio, colocou em campo equipes bem jovens e inexperientes e segurou a lanterna da competição nos dois últimos anos.

4 – Brasília Futebol Clube  

Fundado em 2 de junho de 1975, sob o nome de Brasília Esporte Clube, o colorado já foi um dos times mais importantes e vencedores do Distrito Federal. Um ano após sua fundação, conquistou o tricampeonato candango (76-77-78). E só parou de vencer em 1987, ano de seu último título local. Disputou a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro em sete oportunidades (não seguidas) e colocou seu nome para sempre na galeria dos clubes mais tradicionais do Brasil.

Porém, no início da década de 90, o time passou a viver uma grande crise financeira e mudou sua razão social, tornando-se o primeiro clube-empresa totalmente privado do país. A “nova” administração do Brasília mudou as tradicionais cores vermelho e branco para verde, amarelo e azul, em busca de uma maior identificação com o Brasil. O nome do clube também foi alterado para escapar das dívidas. O Brasília Esporte Clube se tornou Brasília Futebol Clube, nome que permanece até os dias de hoje.

As manobras para tentar salvar o clube não deram certo e o Brasília viveu anos terríveis, até que Luís Carlos Alcoforado, que assumiu o colorado em 2011 e posteriormente Luís Felipe Belmonte, deram nova vida ao time, que chegou à duas finais do Candangão (2013 e 2014, sendo vice em ambas) e conquistou a Copa Verde em 2014. No ano de 2015, foi o primeiro clube do Distrito Federal a disputar uma competição internacional, jogando a Copa Sul-Americana.

O Colorado conseguiu eliminar o Goiás na primeira fase, mas caiu diante do Atlético Paranaense logo em seguida. Graças a essa participação, o time foi incluído no jogo “Pro Evolution Soccer 2016”, da empresa Konami, uma das maiores franquias de jogos esportivos digitais do mundo. Mas mesmo com todo esse sucesso dentro e fora de campo, uma troca na diretoria enfraqueceu novamente o Brasília, que acabou rebaixado para a Segunda Divisão em 2017.

5 – Sociedade Esportiva do Gama 

O Alviverde Candango é o time mais bem-sucedido do Distrito Federal e muito disso se deve à longevidade da agremiação. Em atividade desde o dia 15 de novembro de 1975 (42 anos), o Periquito (mascote) conquistou o campeonato estadual em onze oportunidades e foi campeão brasileiro da Série B no ano de 1998. Além de contar com a força de uma enorme e apaixonada torcida, o Gama também se orgulha de ter sido o time candango que mais permaneceu na Primeira Divisão de forma consecutiva. Ficou por lá de 1999 até 2002.

A ideia de fundar o clube surgiu de amigos/moradores do Gama e que eram fanáticos pelo futebol. À época o futebol amador era fortíssimo na cidade e, por isso, os amigos decidiram fundar um time para representar a cidade no campeonato local da federação, de forma profissional. Em assembleia realizada na cidade, Hermínio Ferreira Neves foi eleito o primeiro presidente do clube e as cores, mascotes e escudo que conhecemos hoje, foram decididas também no mesmo dia. O primeiro estadual vencido pelo Gama foi o de 1979 e o último até o momento, em 2015.

6 – Sociedade Esportiva Ceilandense

Em 1977, um grupo de amigos da QNL, bairro de Taguatinga-DF, que sempre se reunia para jogar futebol, decidiu dar início ao sonho e fundou a Sociedade Esportiva Ceilandense, o clube mais antigo da cidade de Ceilândia em atividade. Não, você não leu errado. O Ceilândia Esporte Clube só nasceu dois anos depois, em 1979.

Em 1981 representou o Distrito Federal na Série C do Campeonato Brasileiro, naquele que talvez tenha sido o grande momento do clube até hoje. Após isso, o Ceilandense viveu anos como coadjuvante, acumulando dívidas e campanhas ruins. Até que, em 2009, firmou parceria com o Atlético-GO e mudou de nome, passando a se chamar Sociedade Atlético Ceilandense.

O mascote que antes era a Arara, também foi trocado por um Dragão, para ficar igual ao clube goiano. A parceria, que ajudou o clube a conquistar o acesso da Segunda para a Primeira Divisão em 2009, terminou em 2013. Com isso, o time voltou a utilizar suas cores, nome e escudo antigos (Sociedade Esportiva Ceilandense), mantendo apenas o Dragão como mascote. Apesar das mudanças, o fato do clube ter vivido seu último “auge” como Atlético Ceilandense, faz muitas pessoas ainda se referirem ao clube da maneira “errada”.

Disputou a Primeira Divisão local pela última vez em 2014, quando foi rebaixado e desde então nunca mais retornou. Mandando seus jogos no estádio Abadião, o Ceilandense vive um momento econômico muito ruim e tem utilizados jovens jogadores para disputar a Segunda Divisão local.

 

Por Pedro Breganholi

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