Quem não sonhou em ser um jogador de futebol? Com o brasiliense Cauê Oliveira, 28 anos, não foi diferente.
A infância foi construída com brincadeiras pela quadra da 404 Norte,. Entre partidas de futebol, corridas de bicicleta e seguidas tentativas de acertos nas manobras de skate, o casca-grossa conheceu sua grande paixão, que o fez trocar a bola pelo kimono. “Eu jogava bola com meus amigos na frente do colégio DNA. Um dia o professor Dadá, que hoje mora nos Estados Unidos, disse que iria abrir uma turma. Não pensei duas vezes: larguei o futebol e nunca mais parei de treinar”, afirma Cauê.
O tempo foi passando e o gosto pelo jiu-jitsu crescia a cada dia. No primeiro campeonato disputado, o lutador viu que tinha jeito para a luta. “Eu ainda estava na faixa verde, mas foi uma emoção sem tamanho. Vencer na categoria absoluto foi massa demais!”
Cauê levou mesmo a arte suave a sério. Já são 13 anos de dedicação exclusiva ao esporte. Entre os principais títulos estão o tri-campeonato nogi do Salvador Open, da IBJJF, as 10 conquistas do Centro-Oeste de Jiu-jitsu, a medalha de ouro no BH Open, os sete campeonatos brasilienses, o tetracampeonato da Seletiva UAE, entre outros.

Treino é a chave
A vida de atleta não é fácil e requer muitos sacrifícios. Pensando em viver, de fato, uma carreira dentro do jiu-jitsu, o casca-grossa mudou totalmente seu pensamento. “Minha ficha caiu quando estava na faixa-roxa. Percebi que queria viver da luta, dar aulas, competir, buscar patrocínios”, conta o lutador.
A rotina do atleta da equipe Gracie Barra Cruzeiro, que tem como líder e professor o faixa-preta Rodrigo “Rodé” Gomes, é bastante puxada, mas para ele vale a pena. Dieta e treinos fazem parte da vida de Cauê. “Segunda, quarta e sexta faço preparação física e dois treinos de jiu-jitsu. Na terça e na quinta faço mais dois treinos por dia, fora às aulas que eu dou. Treinar forte é a chave para os resultados”, revela. Sobre Rodé, Cauê é grato: “Sem ele, com certeza eu não iria conseguir.”
Como diz o ditado que intitula a matéria: treino duro, luta fácil. O atleta da categoria peso pesado (até 90 kg) sabe disso, e como um bom guerreiro das “400 da Asa Norte”, ele não foge à luta. Cauê é atualmente um dos melhores lutadores da capital.
Mesmo sabendo de todas as dificuldades e a falta de valorização do esporte, ele acredita que pode trilhar coisas maiores no esporte.
A falta de incentivo do governo no esporte é algo que todo lutador enfrenta. Graças a Deus sou privilegiado pelo apoio que recebo dos meus patrocinadores, eles me ajudam bastante a crescer e continuar focado no jiu-jitsu.
Cauê Oliveira, lutador
Esposa lutadora
Dizem que, quando se casam, o casal se torna uma carne só. E isso aconteceu na vida da esposa do campeão, Lorena Rodrigues. Quando se conheceram, ela não treinava, tampouco gostava do esporte. Hoje em dia, eles dividem não apenas a cama, mas também o tatame. “De tanto ver eu treinando e me acompanhando aos campeonatos, ela tomou gosto de verdade. Está na faixa roxa e vem competindo duro, viaja comigo para lutar. Me sinto orgulhoso de ver o mozão de kimono”, comenta, com sorriso estampado no rosto.
Os resultados trouxeram frutos que o faixa-preta jamais poderia imaginar. No mês de setembro, Cauê, foi convidado para ministrar aulas de jiu-jitsu e defesa pessoal para os agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Me sinto orgulhoso de poder passar um pouco do que venho colocando em prática”, afirma o campeão.

Metas
O campeão almeja voos altos dentro do esporte. “Meu sonho é ser campeão mundial, lutar um ADCC (maior evento de grapilling do mundo), ter minha própria academia e, claro, ensinar o esporte para muitas pessoas. O jiu-jitsu mudou a minha vida.”
Além de ser um excelente Professor, o Cauê é um exemplo de perseverança e dedicação dentro e fora do tatame. É sempre uma honra poder apreender e treinar ao seu lado a arte suave. Osss..